quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Da coluna de Magno Martins

Postado por Magno Martins
Caruaru vai engolir o acordão?

Em política, o adversário de hoje pode ser o aliado de amanhã. Esta máxima pode ser aplicada, rigorosamente, ao acordo fechado em Caruaru entre dois políticos fortes e tradicionais do município, que já falaram a mesma língua no passado, mas que nos últimos anos capricharam no exercício da chamada política figadal na busca incessante pelo poder. Refiro-me ao prefeito José Queiroz (PDT) e ao ex-governador João Lyra Neto (PSDB), que, ontem, deixaram as idiossincrasias de lado para tentar eleger a tucana Raquel Lyra, herdeira política de Lyra, prefeita do município.

O inimigo comum que provocou a reconciliação entre os Lyra e os Queiroz atende pelo nome de Tony Gel, ex-prefeito por dois mandatos, o mais votado na eleição de primeiro turno como candidato do PMDB. A notícia, confirmada em anúncio oficial no comitê de Jorge Gomes (PSB), candidato que Queiroz apoiou no primeiro turno, tendo desempenho pífio, ficando em quarto lugar entre os mais votados, caiu como uma bomba em Caruaru. Tudo porque nos últimos anos, desde que Queiroz foi reeleito em 2012, Lyra e ele adotaram o ringue como lugar comum para o bombardeamento de ataques que derivaram da política para o campo pessoal.

Quando João Lyra não apoiou a reeleição de Queiroz em 2012, com uma nota paga nos jornais do Estado, o prefeito devolveu com uma agressão bem-humorada. “Sei que João consertou o coração, mas não sei o que há com a cabeça dele. Ele não anda bem das faculdades mentais”. O ex-governador havia se submetido a uma cirurgia para implante de pontes de safena em São Paulo.

“Queiroz fez uma administração pífia, não se modernizou e com ele Caruaru não avançou”, disse, em outra oportunidade, o ex-governador, numa entrevista a uma emissora de rádio do Recife, provocado a fazer uma avaliação da gestão do desafeto e agora aliado. E acrescentou, para irritação do prefeito: “Só vejo de concreto nas ruas de Caruaru o asfalto e não temos nenhuma obra estruturadora na cidade”.

Numa entrevista ao Frente a Frente, programa que ancoro em rede estadual com 44 emissoras, Queiroz disse que o ex-governador João Lyra Neto (PSB), embora natural de Caruaru, não fez absolutamente nada em favor do seu desenvolvimento ao longo dos nove meses de gestão. “João não fez nada por Caruaru”, desabafou. E acrescentou: “A única coisa que João Lyra fez em Caruaru foi abrir uma sala para funcionar o Expresso Empreendedor”. Queiroz lamentou que o governador não tivesse acatado nenhuma sugestão por ele levada em audiência no primeiro dia de seu mandato, em abril. “Apresentei um conjunto de 14 obras e nenhuma saiu do papel”, afirmou.

Queiroz e Lyra se agrediram muito mais do que isso. Tão logo o acordo foi anunciado, ontem, pelas redes sociais explodiram uma porção de áudios reproduzindo declarações de ambas as partes de agressões mútuas. Caruaru vai compreender o acordão, que provavelmente passa pelo apoio do grupo de João Lyra à reeleição do deputado federal Wolney Queiroz, filho do prefeito, em 2018? Só as urnas no próximo dia 30 serão capazes de dar essa resposta.

LYRA ESTENDEU A MÃO– Quem tomou a iniciativa da reconciliação em Caruaru foi João Lyra Neto (PSDB). Tão logo saiu o resultado da eleição em primeiro turno, domingo passado, confirmando o segundo turno entre Tony Gel (PMDB) e Raquel Lyra (PSDB), o ex-governador ligou para prestar solidariedade a José Queiroz pela derrota do seu candidato, o atual vice-governador Jorge Gomes (PSB). E acertaram a primeira conversa para o dia seguinte, após Raquel falar também com o prefeito e o seu filho, o deputado federal Wolney Queiroz (PDT), que perde uma Prefeitura importante para o seu projeto de reeleição em 2018.

Água e óleo se misturam? –
 Se Louise Caroline, principal liderança do PT em Caruaru e que completou a chapa de Jorge Gomes como vice, vier a declarar apoio a Raquel Lyra, como já fizeram José Queiroz e Wolney Queiroz, pai e filho, entrará para a história como a principal responsável pela quebra de um tabu histórico: PT se aliando ao PSDB. O que dirá então a direção nacional do Partido dos Trabalhadores?

Propaganda adiada– Tanto no Recife quanto em Caruaru, os candidatos que disputam as eleições de prefeito no segundo turno fecharam entendimento para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que já seria permitida a partir de amanhã, começar somente na próxima segunda-feira. As eleições de segundo turno estão marcadas para o próximo dia 30 e cada candidato terá direito a dez minutos no guia eleitoral no início da tarde e a noite, isso sem falar nas inserções ao longo do dia.

Atentado em Amaraji– O presidente do PV em Amaraji, José Roberto Peixoto da Silva - mais conhecido como Boi do Barro – sofreu um atentado na madrugada do último domingo, e veio ao Recife na quarta para pedir providências à Secretaria de Defesa Social. Ele foi vítima de uma emboscada quando trafegava por um canavial, naquele município. Com ferimentos no rosto e três dentes a menos, relatou que sua moto foi cercada por três automóveis, com homens que começaram a lhe agredir. Boi do Barro contou que deixou a moto, saiu correndo por uma ribanceira e terminou ficando mais de 20 minutos em um rio, para se livrar dos agressores, escondendo-se depois no meio do matagal.

Governador com Tony–
 Embora no primeiro turno o governador Paulo Câmara tenha apoiado Jorge Gomes em Caruaru, por ser o candidato oficial do PSB, não vai acompanhar a decisão do prefeito José Queiroz (PDT) de alinhamento à candidatura da tucana Raquel Lyra, porque esta, no primeiro turno, recebeu o apoio do senador Armando Monteiro Neto, provavelmente o adversário de Câmara em 2018, quando o socialista tentará renovar o seu mandato. Foi por isso que Jorge Gomes, candidato de Queiroz, não apareceu, ontem, no anúncio do prefeito a Raquel. O palanque de Câmara será o do peemedebista Tony Gel.

CURTAS

DÍVIDAS– A sanção da lei que autoriza a renegociação de dívidas de crédito rural de agricultores do Nordeste foi o tema da reunião de ontem da bancada no Congresso, da qual participou a presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Kênia Marcelino. A medida beneficia agricultores dos projetos públicos de irrigação da Codevasf.

O MAIS VOTADO– Proporcionalmente, o vereador mais votado no Estado não foi Adelson Enfermeiro, do Pros de Lajedo, conforme noticiamos. Ele foi batido pelo republicano André Ferraz, de Floresta, no Alto Sertão. Enquanto Enfermeiro obteve 8,71% dos votos, André chegou a 9,72% dos votos, obtendo 1.829 votos.

Perguntar não ofende: João Paulo vai querer Lula como cabo eleitoral no Recife?

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