sábado, 4 de março de 2017

O samba carioca


Postado por Magno Martins


Ricardo Boechat - ISTOÉ

Primeiro prefeito do PRB a vencer eleições e a governar uma capital brasileira, Marcelo Crivella (foto) passou os últimos dias sob fogo cerrado no Rio de Janeiro. Parte da mídia e alguns cariocas cobraram sua ausência na Marques do Sapucaí, para assistir os desfiles das escolas de samba. Também foi questionado por não entregar as chaves da cidade ao Rei Momo – cerimônia na sexta-feira 24, em que foi representado pela secretária de Cultura Nilcemar Nogueira, neta de coração de Cartola e personagem atuante no mundo do Samba.

Na quarta-feira 1º, Crivella falou pela primeira vez sobre os episódios. Foi direto ao assunto: “Ninguém deve ser obrigado a fazer nada e a pauta do prefeito não necessariamente tem que coincidir com a da imprensa e de todos os moradores do Rio de Janeiro”.

O debate em torno do que Crivella fez – ou deixou de fazer – no Carnaval ganhou ainda conotações políticas. O ex-prefeito Eduardo Paes trocou o seu perfil no Facebook, exibindo uma foto em que aparece com o Rei Momo. A tradição de entregar as chaves da cidade ao personagem da mitologia grega que virou símbolo do carnaval carioca vem de 1984. Por sua vez, o prefeito esteve na tradicional cerimônia dos 452 anos do Rio, na quarta-feira 1º, no Aterro do Flamengo.

O prefeito nunca escondeu seu vínculo com a Igreja Universal do Reino de Deus, dirigida no Brasil pelo bispo Edir Macedo, seu tio. Forçá-lo a ir a uma festa para a qual não tem gosto ou obrigação é bem discutível. Como gestor fez o seu papel: os órgãos públicos municipais funcionaram na festa. O que parece mais justo é cobrar de Crivella transparência nos contratos entre a prefeitura e a Liga das Escolas de Samba do RJ – e nos demais contratos públicos do município.

Ninguém deve ser compelido, por gosto de terceiros, a brincar ou participar do carnaval. Virão outros carnavais, o Rio terá prefeitos que gostarão ou não da festa. Mas deles sempre será a obrigação de tornar os serviços públicos cada vez mais eficientes, antes, durante e depois do evento.

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