quarta-feira, 11 de maio de 2016

Para Temer, julgamento do processo de impeachment terminará em três meses


Josias de Souza


Ao aprovar a continuidade do processo de impechment, nesta quarta-feira (11), o Senado Federal decretará o afastamento de Dilma Rousseff por até 180 dias —ou seis meses. Durante esse período, ela se defenderá longe da cadeira de presidente. Michel Temer, que assumirá as atribuições de presidente, previu nesta terça-feira que o Senado utilizará apenas metade do prazo previsto na Constituição para encerrar o julgamento. Estimou que Dilma perderá definitivamente o mandato em no máximo três meses.

Em almoço com um grupo de deputados, Temer informou que não haverá posse ou transmissão de cargo. Assumirá a Presidência automaticamente, tão logo Dilma receba do Senado a notificação sobre o afastamento. Ele trabalha com a hipótese de que a sessão em que os senadores selarão o destino de Dilma será arrastada. Deve entrar pela madrugada de quinta-feira. Espera que a presidente afastada assine a notificação até o final da manhã.

Minucioso, Temer já planejou os detalhes do seu primeiro dia no exercício da Presidência. Vai requisitar uma edição extraordinária do Diário Oficial. Enviará à publicação o documento com a formalização da saída de Dilma e os atos de nomeação dos ministros já selecionados.

Temer pretende realizar já na tarde de quinta-feira sua primeira reunião ministerial. Esforça-se para evitar que os solavancos políticos produzam hiatos na transição administrativa. No encontro com os ministros, que será aberto à imprensa, o substituto de Dilma fará o pronunciamento inaugural de sua gestão.

Dará especial realce à situação econômica. Assessora-o na elaboração desse pedaço do discurso o futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A ideia é não brigar com o óbvio, reconhecendo a gravidade da crise e os sacrifícios que terão de ser feitos para superá-la. Dirá que os sacrifícios não incluem prejuízos aos programas sociais.

Temer assumirá compromisso com a austeridade fiscal. Como evidência de que o governo tentará fazer a sua parte, anunciará o corte de dez ministérios. A eliminação de despesas é residual, já que o grosso das mudanças limita-se à fusão de pastas. Mas Temer se convenceu de que a providência vale pela simbologia.

Sob Dilma, há 32 ministérios. Temer quer reduzir para 22 pastas. Fez uma autocrítica na conversa com os deputados que recebeu para o almoço. Disse que compunha seu ministério preocupado apenas com o Congresso. Impressionou-se com as críticas. Caiu-lhe a ficha.

Concluiu que não pode simplesmente ignorar a opinião pública. Sob pena de perder até o apoio legislativo de que necessita. A despeito da alegada caída em si, Temer compõe um ministério convencional e loteado. Inclui todas as legendas dinheiristas que orbitavam em torno de Lula e Dilma, exceto PT, PCdoB e PDT. Inclui também todos os partidos de oposição, salvo PSOL e Rede.

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