sexta-feira, 3 de outubro de 2014

COLUNA DA SEXTA-FEIRA


Emoção no guia eleitoral

Na despedida da propaganda eleitoral, no último guia de TV quarta-feira passada, os candidatos a governador Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro (PTB) recorreram a estratégias que já eram esperadas, mas igualmente compreensíveis e acertadas. O socialista se apresentou com a missão de dar continuidade à obra de Eduardo.

Armando, por sua vez, recorreu à necessidade de o Estado ter um governador aliado com o chefe da Nação, no caso a presidente Dilma, que fez uma fala para o programa pedindo voto aos pernambucanos para o 14, número do trabalhista. Armando usou ainda uma fala de Lula, eleitor extremamente influente no Estado.

Dos dois programas, entretanto, o de Câmara conseguiu passar muito mais emoção, até porque tinha um ingrediente necessário: a comoção que tomou conta do Estado com a morte do ex-governador Eduardo Campos. Foi usada uma fala de Eduardo e também uma do seu provável herdeiro político, João Campos.

O programa foi encerrado num cenário de muita emoção em um ato da chapa majoritária com a família de Eduardo – a viúva Renata e os filhos – ao som da música “Madeira do Rosarinho”, de Ariano Suassuna, que embalou as duas eleições de Eduardo para governador, em 2006 e 2010.

Armando e Câmara chegam à reta final numa disputa bastante acirrada, que radicalizou mais ainda depois da morte de Eduardo. O socialista, que começou com apenas 8% nas pesquisas, é apontado como o favorito, tendo colocado uma média de oito a dez pontos percentuais de vantagem.

No campo da oposição, Armando chegou a largar com 32 pontos de frente, mas não contava com a tragédia que abalou o Estado e a partir daí foi perdendo aderência, ficando sem poder de recuperar a dianteira nas pesquisas. Há quem diga que a morte de Eduardo resolveu a eleição no Estado em favor de Câmara.

Mas com Eduardo vivo, o cenário, certamente, não seria diferente. O ex-governador já vinha de uma eleição bem sucedida no Recife, puxando Geraldo Júlio, montou em torno de Câmara a mais ampla aliança que se tem notícia no Estado (21 partidos) e a campanha seria focada em cima do seu governo, bem avaliado, que lhe conferiu, por vários anos seguidos, o primeiro lugar no ranking nacional dos governadores.

MANIPULAÇÃO– O candidato a senador pelo PT, João Paulo, ficou uma arara com os números do Instituto Nassau apontando o seu adversário, o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB), abrindo uma frente de seis pontos. Para o petista, que no Datafolha abre sete pontos à frente de Fernando, a pesquisa da Nassau tem resquícios de manipulação.

O fator abstenção– O professor Antônio Lavareda se rendeu, enfim, a tese do marqueteiro Marcelo Teixeira, da Makplan, de que o fator abstenção muda o resultado das eleições. Há três eleições seguidas, Teixeira previu e acertou em cheio as reviravoltas dadas pelo grande número de eleitores que deixam de exercitar a sua cidadania.

Capacidade – A queda de Marina não decorre só das críticas do PT e do PSDB. Analistas políticos afirmam que ela caiu (10 pontos em 30 dias) pela falta de um discurso para a maioria. A “nova política" e o “BC independente" são música para as elites. Mas o eleitor quer compromissos com a inflação zero, melhoria dos serviços públicos e do poder de compra. Esse discurso, avaliam, criaria a imagem de que ela tem capacidade de governar.

Vai conseguir? – Aécio tem duas tarefas gigantescas para tentar superar Marina. Um de seus aliados estratégicos avalia que ele tem, no mínimo, que chegar em primeiro em Minas e ficar em segundo em São Paulo. Em Minas, Marina cai, a presidente Dilma sobe e Aécio permanece estável nas pesquisas. Em São Paulo, Aécio está subindo, mas continua na terceira fila, a sete pontos de Marina e Dilma, informa Ilimar Franco, de Brasília.

Processos – Na última semana da propaganda eleitoral, vale tudo: nas inserções de 30 segundos, que atingem um eleitorado muito maior do que no guia eleitoral, porque entram no horário nobre, a Frente Popular bombardeia a candidatura de João Paulo ao Senado lembrando que ele responde a 18 processos na justiça, dois quais dois no Supremo Tribunal Federal.







CURTAS

EM CARUARU– O governador João Lyra Neto vota em Caruaru neste domingo às 11 horas no colégio municipal Álvaro Lins, acompanha a filha Raquel Lyra votando e depois regressa ao Recife para acompanhar a apuração no QG central da Frente Popular.

QUADRO– Em Pernambuco, votam no próximo 6.356.307 eleitores. O maior colégio eleitoral é o Recife com 1,6 milhão de eleitores. Já o menor é Ingazeira, a 340 km do Recife, com 3.757 eleitores. Na Região Metropolitana se concentram 42% do eleitorado.

Perguntar não ofende: Por que só a Nassau diverge nos números para o Senado?

"O que ama a instrução ama o conhecimento, mas o que odeia a repreensão é estúpido". (Provérbios 12-1)

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