sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SEM RUMO, POR EVERARDO MACIAEL

Enviado por Everardo Maciel -
Geral

O Papa Francisco, na recente Jornada Mundial da Juventude, conseguiu, com generalizado reconhecimento, entender os mal-estares da sociedade contemporânea e oferecer, senão um remédio, ao menos um horizonte de esperanças, fundado nos esquecidos valores da simplicidade, tolerância e solidariedade.

Contrasta com essa atitude, a reação das autoridades brasileiras às manifestações de rua, marcadas por soberba, improvisação e incompetência, com destaque para o grotesco plebiscito para reforma política e o insubsistente programa “Mais Médicos”. Ao mesmo tempo em que são liberados R$ 8 bilhões de emendas pouco virtuosas para “acalmar” os congressistas, as Forças Armadas são obrigadas a cortar um dia de trabalho por semana para economizar alimentação.

A política econômica naufraga e junto com ela fica cada vez mais evidente a ausência, dentre outras, de políticas públicas que consigam lidar com o acelerado fenômeno da urbanização das últimas décadas.

Continuamos prisioneiros de uma agenda que conferia prioridade à reforma agrária e não cuidamos de enfrentar os problemas de transporte público, saneamento, segurança, educação e saúde, típicos dos aglomerados urbanos.

Os programas de assentamento rural, como concebidos, se tornaram completamente obsoletos pelas mudanças que a tecnologia, as novas formas de gestão e a globalização impuseram à realidade dos campos. Não se conhece um assentamento sequer que possa ser apresentado como paradigma. Ao contrário, eles, em sua maioria, são verdadeiras favelas rurais, sem futuro e sem dignidade social.

Há muito tempo, em boa parte das grandes cidades do mundo, transporte público é questão razoavelmente bem equacionada. No Brasil, somente nos anos 1970 é que demos início à construção e à operação das primeiras linhas de metrô. Desde então, a implantação desses sistemas segue um ritmo impressionantemente lento.

Nos últimos anos, optamos por estimular, com crédito e incentivos fiscais, a aquisição de automóveis, gerando uma frota notoriamente incompatível com a estrutura viária urbana.

Sequestros (relâmpagos ou não), tráfico de drogas e armas, vandalismo (pichações, invasões de imóveis públicos e particulares, quebra-quebras) e todos os tipos de assalto converteram-se em rotina. Alguém se sente, realmente, seguro aqui?

A falência da segurança pública não decorre da fragilidade da lei penal, mas de uma combinação complexa de impunidade, sistema prisional ultrajante e formador de marginais, polícia despreparada para enfrentar a marginalidade ou as manifestações de rua, e, sobretudo, desatenção com as desigualdades sociais.

A chamada pacificação das favelas no Rio de Janeiro eliminou a ostensiva presença de marginais armados a comandar comunidades. Isso, entretanto, é muito pouco. O tráfico continua o mesmo, conquanto mais discreto, e os bandidos permanecem à solta.

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