sábado, 13 de outubro de 2012

OS DESAFIOS DO CONCÍLIO VATICANO II


A palavra do Bispo – Os desafios do Concílio Vaticano II

.

Na última quinta feira, 11 de outubro, foram celebradas nas cidades de Bezerros, Bonito, Agrestina, Santa Cruz do Capibaribe, cinco missas solenes para comemorar os 50 anos do início do Concílio Ecumênico Vaticano II, e para abrir solenemente o Ano da Fé, em comunhão com o Papa Bento XVI e toda a Igreja Católica.
Dom Bernardino Marchió
Bispo Diocesano

Para entender o significado destas celebrações é preciso aprofundar as motivações do Papa João XXIII ao convocar a grande assembleia dos Bispos do mundo inteiro.

Passados 50 anos, o Concílio continua como referência indispensável para entender o caminhar da Igreja em nosso tempo. Qual foi o segredo deste Concílio? Ter desencadeado intensas motivações, capazes de abordar com entusiasmo problemas longamente arraigados na vida da Igreja.

A primeira motivação despertada foi de ordem ecumênica. O Concílio foi anunciado no final da “semana de orações pela unidade dos cristãos”. Todos, espontaneamente, intuíram que a primeira causa a ser levada era a unidade dos cristãos.

A causa ecumênica foi o primeiro detonador do entusiasmo conciliar. Uma causa complexa, com componentes históricos complicados. Por isso, o Papa precisou segurar as rédeas do entusiasmo ecumênico. Assim mesmo, o ambiente ecumênico balizou todos os documentos conciliares, e a presença dos representantes de outras Igrejas manteve os bispos sempre atentos à dimensão ecumênica de suas intervenções.

Mas, terminado o Concílio, os passos dados no campo ecumênico ficaram muito aquém de suas intervenções.

Se queremos recuperar o impulso conciliar, é indispensável retomar a causa ecumênica, avançando propostas corajosas de aproximação. De tal modo que a causa ecumênica não seja não só um caminho de unidade entre os cristãos, mas também um itinerário de purificação das Igrejas, que precisam reaprender juntas o legado deixado por Cristo para os seus discípulos viverem em comunhão fraterna, imunes de dominação mútua ou de competição recíproca.

Outra causa importante, que teria merecido por si só um concílio, foi a reconciliação da Igreja com a modernidade. Com o Concílio, a Igreja reconquistou o seu “direito de cidadania” no mundo atual. Ela agora precisaria se aproximar do mundo pós- moderno, não para se apresentar com aquela que dogmaticamente tem todas as respostas, mas ao contrário, aquela que formula junto com o mundo as grandes interrogações que interpelam hoje a humanidade. Superar sua postura de “Mãe e Mestra”, para se tornar “Discípula” que aprende a discernir os acontecimentos como no caminho de Emaús.

Outras causas importantes foram suscitadas pelo Concílio. Todas necessitando de motivação. Com a “causa das Igrejas locais”, ou “Igrejas Particulares”, afinal, as nossas humildes mas imprescindíveis “dioceses”. Elas são o prolongamento do mistério da encarnação. Assim como Deus se fez carne e habitou entre nós, a Igreja de Cristo se faz concreta e se realiza em “Igrejas Locais”.

A Igreja é mistério de comunhão, que se traduz em comunidades concretas. Daí a centralidade pastoral das comunidades.

Todas estas causas fazem parte das grandes intuições pastorais do Concílio. Falta recuperar a intensa motivação que elas despertaram.

Estes e outros desafios serão objeto da nossa reflexão ao longo do ano da Fé que terminará em novembro de 2013, na festa de Cristo Rei.
 
 Por Jornal de Caruaru

Nenhum comentário:

Postar um comentário