sábado, 28 de abril de 2012

JARBAS CEDEU PARA SALVAR A OPOSIÇÃO

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Publicado em: 28-04-2012 | Por: Inaldo Sampaio


Coluna Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 28 de abri

O senador Jarbas Vasconcelos falou ontem em público,pela primeira vez sobre sua propalada reaproximação com o governador Eduardo Campos após um afastamento que durou 20 anos. Ele disse que, por enquanto, a reaproximação não é política, e sim pessoal. E teve como causa o futuro político de jovens lideranças oposicionistas que estão precisando “respirar” a exemplo dos deputados Mendonça Filho, Augusto Coutinho, Raul Henry, Bruno Araújo e Daniel Coelho, e do ex Raul Jungmann.

Ele não poderia ter sido mais claro do que foi após ter chegado à óbvia conclusão de que estava totalmente isolado em Pernambuco com o tipo de oposição que fazia ao governador, cuja gestão é aprovada por 90% dos pernambucanos. Este isolamento estava levando para o fundo do poço os jovens parlamentares aos quais se referiu, cujas bases interioranas já migraram ou estão migrando celeremente para os partidos da base governista. Assim, teve que fazer concessão no intuito de salvá-los.

E que concessão seria esta? Reaproximar-se do governador, no plano pessoal, considerando o fato de estar com 70 anos e a responsabilidade política que tem em Pernambuco com o futuro daqueles seis parlamentares. Por isso, aconselhando por amigos comuns, entendeu ser chegada a hora de passar a conviver com o governador, civilizadamente, malgrado permanecerem em lados opostos. Mas ele não pretende aderir ao governo nem fez qualquer acordo com o PSB para 2012 nem 2014.

A chapa – Apesar das declarações de Jarbas à Rádio Folha de que não fez nenhum acordo político com Eduardo Campos, já há quem acredite na Frente Popular que o entendimento de 2014 estaria selado: ele apoiaria o governador para presidente e seria apoiado à reeleição.

O desconforto – Quem não vê com bons olhos a reaproximação de Jarbas com Eduardo é Sérgio Guerra (PSDB), rompido com o senador desde as últimas eleições. O tucano reaproximou-se primeiro do governador, a fim de deixar Jarbas no isolamento, mas acabou errando o cálculo.

A chiadeira – Caso o PSB faça acordo com o PMDB em 2014, para apoiar Jarbas à reeleição, haverá chiadeira no próprio partido do governador. Em 2010 Fernando Bezerra Coelho quis ser candidato a senador dizendo que o PSB-PE precisa mandar alguém para o Senado. Mas acabou sendo rifado em nome da aliança do PSB com petebistas (Armando) e petistas (Humberto).

Boa notícia – A reaproximação de Jarbas com Eduardo Campos foi bem recebida por Raul Henry (PMDB), que sempre sonhou com isto. Ele é o mais “eduardista” dos “jarbistas” e recentemente recebeu convite do governador para um jantar em sua casa. O deputado fazia tímida oposição ao governo estadual, mas a partir de agora ficará numa posição de neutralidade.

A ressureição – Avalia-se no entorno de Sérgio Guerra (PSDB) que Jarbas estava “morto e sepultado” na política pernambucana após ter pedido a eleição de 2010 por 3 milhões de votos. Mas o governador Eduardo Campos, “num gesto de magnanimidade”, resolveu “ressuscitá-lo”.

O silêncio – O senador Armando Monteiro acompanha com atenção a “mão estendida” de Eduardo Campos para o senador Jarbas Vasconcelos. Ele já foi aliado de Jarbas e adversário do governador, e sabe que o processo político avança ou recua de acordo com as circunstâncias.

A incógnita – Desde que Eduardo Campos chegou ao Palácio das Princesas recompôs suas relações com Roberto Magalhães, Joaquim Francisco, Gustavo Krause, Cadoca, André de Paula e os familiares do ex-governador Paulo Guerra. Se vier, portanto, afastar-se do senador Armando Monteiro por força do jogo de 2014, será uma grande surpresa para os petebistas.

Saia justa – Depois que Jarbas anunciou publicamente que não quer mais negócio com Sérgio Guerra, seja no plano político ou pessoal, dois políticos que faziam a ponte entre eles irão ficar numa saia justa: a ex-deputada Terezinha Nunes e o deputado Daniel Coelho, ambos do PSDB. A briga é para valer.
 
Por Inaldo Samapaio.

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