Postado por Magno Martin
No noticiário deste blog, ontem, prestei uma homenagem ao jornalista Zadock Castelo Branco, que Deus chamou aos 74 anos. Como meu espaço nobre é a coluna, resolvi repostar o texto, acrescido de uma lúcida e oportuna observação do jornalista Aldo Paes Barreto, que, como eu, com trabalhou com ele no Diário de Pernambuco. Traçando o perfil do Mestre Zada, como era tratado, Aldo disse que ele se foi, discretamente, como sempre viveu. Lembrou que era de uma ingenuidade infantil, isento de maldades, pleno de lealdade.
“Ele mantinha com Arraes um relacionamento perto da intimidade, sentimento que o velho político não permitia nem mesmo aos mais próximos”. O Mestre Zada, como carimbou Ronildo maia Leite, era uma exceção. Certa vez, um grupo de jornalistas cercou Arraes buscando arrancar dele alguma posição política ideológica sobre a sucessão dele. Era o segundo governo, após a volta do exílio. Enigmático, Arraes esboçava um sorriso, cachimbava com mais vigor, quando alguém sugeriu maior aproximação como o comunista Roberto Freire. Arraes abominava. Recolheu o riso contido, dando a entender que tal aliança estava fora de cogitação”, contou Aldo, acrescentando:
“Foi quando Zadock sacou a melhor definição do político Arraes: Esse é um velho pessedista, com uma tinturazinha marxista”. Zada estava morando em Bonito, sua Pasárgada, refúgio da sua aposentadoria. Não sei se o Castelo Branco de Zadock é do mesmo tronco de Carlos Castelo Branco, o Castelinho, o maior de todos os monstros sagrados do jornalismo político. Mas entre eles, provavelmente pela mesma origem, alguns traços se confundiam: estatura pequena, inquietude e raro faro jornalístico. Como Castelinho, que saiu do Piauí para virar celebridade nacional, Zadock foi celebridade em nossa província.
Mas uma celebridade pelo dom de fazer a notícia, vivenciar todas as suas instâncias até chegar aos leitores e dela extrair lições e ensinamentos. Zadock conviveu com os mais importantes políticos de Pernambuco, de Moura Cavalcanti, no período da ditadura, aos mais recentes governadores, como Eduardo Campos, a quem tratava de Dudu. Fez intrigas, como todo bom repórter, mas intrigas do bem.
Zadock era capaz de aproximar políticos que pareciam irreconciliáveis. Certa vez, ele chegou para Miguel Arraes e disse que Joaquim Francisco, que atuava em campo oposto, brilhava os olhos diante dele quando fazia referências a ele - Arraes. Dois dias depois, Arraes e Joaquim se encontraram para quebrar o gelo - Joaquim eleito prefeito do Recife e Arraes governador. A ponte havia sido alicerçada por Zadock.
Ele era assim: pacificador e conciliador. Zadock era repórter de política, contador excepcional de causos políticos e historiador nato, memória de elefante. Fazia as grandes coberturas sem anotar uma só palavra. Decorava frases antológicas de políticos e tinha sentimentos que extravasam em seus textos, que eram um primor, com conteúdo e história.
Divertido e bem-humorado, Zadock gostava de apelidar os políticos. Arraes era o mito, Joaquim, a baraúna, Moura, o coronel. Roberto Magalhães, pavio curto. Eduardo Campos, Dudu Beleza. Só me chamava de magnânimo. O jornalismo pernambucano empobrece com a morte de Zadock, que tinha outras virtudes: ninguém fazia prognósticos mais certeiros, gostava de fazer previsões nas eleições proporcionais com base no coeficiente eleitoral. Mas certa vez, enviado especial do DP a Petrolina, cometeu uma loucura.
Naquela época, com apuração manual, que durava até três dias, Petrolina contava um a um os votos de uma disputa acirrada entre Fernando Bezerra e Henrique Cruz, candidato inventado pelo então prefeito Guilherme Coelho. Na reta final, Zadock apostou nos seus prognósticos, nas somas das urnas ainda a ser apuradas, e apostou na vitória de Henrique. O jornal noticiou Henrique eleito antes da contagem final. Resultado: Fernando virou o jogo nas últimas urnas e foi eleito. Mas o jornal já havia apostado na tabulação apressada de Zadock.
Zadock tinha assim momentos de loucura, mas quem não tem também? Mas Zadock tinha em excesso o que falta hoje a muitos jornalistas das usinas de faculdade; paixão e vocação. Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Zadock tinha o orgasmo do furo, nasceu para isso e esteve o tempo todo disposto a viver só para isso. Não tinha um instante de paz, inquieto em busca dos furos. Para ele, jornalismo era como se fosse um fio, que liga as pessoas ao mundo.
Existem dias em que o jornalismo registra fatos que, no futuro, serão contados nos livros - e serão guardados por gerações. Zadock escreveu um pouco da nossa história. Quem forma em jornalismo, hoje, não quer mais fazer jornalismo. Quer virar celebridade. Zadock não era assim. Gosto dos jornalistas como ele, porque jornalista é como vinho: a capacidade se mede pelo tempo.
DIFICULDADES– Depois do recuo do governo no projeto de renegociação das dívidas estaduais, ficou claro que o Congresso não está disposto a apoiar toda e qualquer medida econômica do governo do presidente interino, Michel Temer. A retirada, do texto aprovado na Câmara dos Deputados, do dispositivo que previa congelamento de reajustes ao funcionalismo e de concursos públicos por dois anos é uma mostra da dificuldade que outras propostas do governo enfrentarão.
Explicou, mas não convenceu–
Barragem– O deputado Ricardo Teobaldo pediu ao ministro da Integração, Helder Barbalho, a retomada das obras da barragem de Ingazeira e da continuidade das obras da Adutora do Pajeú, em companhia do promotor Lúcio Almeida Neto, de Afogados da Ingazeira. Durante o encontro, o ministro garantiu a participação de um representante do Ministério na audiência pública que abordará o tema, hoje, em Itapetim. “Desde o início venho cobrando do governo federal o andamento das obras da Barragem de Ingazeira, que está com cerca de 70% executada. A sua conclusão trará diversos benefícios para região. Teremos uma melhora significativa na qualidade de vida da população, promovendo um maior desenvolvimento local. Além disso, coloca o Sertão do Pajeú em outro patamar econômico”, destacou.
TV Cultura em Noronha– Nesta semana em que Fernando de Noronha completa 513 anos, a sua população voltou a ter o sinal da TV Golfinho em TV aberta, no canal 11. A emissora irá levar para cerca de três mil pessoas a programação educativa da TV Cultura/TV Nova "Esse restabelecimento da TV Golfinho é um presente da TV Cultura para a ilha. Vamos mostrar a beleza da ilha ao Brasil e exemplos de sustentabilidade", afirmou o administrador da ilha Luís Eduardo ao assinar o contrato com a TV Cultura, em São Paulo.
Julgamento começa dia 25–
CURTAS
MAIS ÁGUA– A partir do próximo mês, dois mil moradores do distrito Gameleira, localizado no município de Limoeiro, terão água de qualidade nas torneiras. O presidente da Compesa, Roberto Tavares, acompanhado do secretário de Agricultura, Nilton Mota, visitou, ontem, a obra de implantação do sistema de abastecimento da localidade. Atualmente, a população depende apenas de um poço para suprir às suas necessidades.
QUEIXA– A nadadora pernambucana Joanna Maranhão, que participou da Rio 2016, registrou um boletim de ocorrência, ontem, contra comentários ofensivos e machistas postados em sua página no Facebook depois de ter sido desclassificada dos Jogos. "Questionar minha performance, sinceramente eu não ligo porque eu sei do meu valor como atleta. Eu não quero que as pessoas sejam inibidas de se posicionar politicamente", declarou a atleta, que registrou o BO no Rio acompanhada de seu advogado, Fabiano Rosa.
Perguntar não ofende: Lula está com medo de enfrentar o implacável Sérgio Moro?
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