domingo, 28 de junho de 2015

Histórias contadas por Magno Martins, na foto Roberto Fontes, Luiz Perazzo presidente da CELPE e Jânio Arruda assessor político do GE.

Postado por Magno Martins
Favorito na disputa para o Governo de Pernambuco nas eleições de 1990, Joaquim Francisco, então filiado ao PFL, fez o maior mistério para escolha do seu candidato a vice. Setores do seu partido, como os deputados federais Ricardo Fiúza e Gilson Machado e o ex-deputado estadual Osvaldo Rabelo, cacique que liderava um expressivo grupo na Assembleia Legislativa, o apoiaram com um pé atrás.

Na verdade, as costuras do ex-governador Marco Maciel, no mesmo ano eleito senador da República, foram decisivas para conter a ala mais direitosa do partido. Desconfiado de que poderia sofrer resistências na escolha do vice, Joaquim, de forma inédita, chegou a promover uma pré-convenção no clube América para ganhar o pleno direito de escolher o seu vice sem contestações.

Os macielistas torciam e tinham esperanças de que o ungido fosse o ex-secretário Joel de Holanda, que mais tarde virou suplente de senador de Maciel. Corria por fora o empresário Eduardo Farias, filho do ex-senador Antônio Farias, usineiro extremamente bem sucedido. Eduardo havia sido picado pela mosca azul para suceder o pai na política, morto por um infarto fulminante no início do seu mandato de senador, eleito na chapa de Arraes governador ao lado de Mansueto de Lavor.

Embora também macielista, Ricardo Fiúza queria Eduardo Farias. Mas não deu nem para Joel nem para Eduardo. Surpreendentemente, Joaquim escolheu Roberto Fontes ( à esquerda na foto), deputado estadual de primeiro mandato pelo PMDB, cuja única referência era ter sido secretário de Finanças de José Queiroz, prefeito de Caruaru.

Filho de um empresário tradicional de Caruaru, Lourinaldo de Sousa Fontes, Roberto Fontes começou sua vida pública como diretor da Associação Comercial de Caruaru, onde foi vice-presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento entre 1958 e 1961. Membro do Centro Acadêmico e presidente da Casa do Estudante de Direito formou-se em 1975 pela Faculdade de Direito de Caruaru.

Em 1978, concluiu o curso de pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, sendo nomeado Secretário Municipal de Finanças em 1983 na administração José Queiroz. Dois anos depois filiou-se ao PMDB. Eleito deputado estadual em 1986, deixou o partido e entrou no PRN em apoio a Fernando Collor nas eleições presidenciais de 1989.

Foi esta ligação com Collor que o fez vencer a queda de braço com Joel de Holanda e Eduardo Farias e ter sua candidatura a vice homologada em convenção. Mas ninguém, na época, fez qualquer ilação a Collor, até porque a Imprensa não investigou a origem da indicação de Fontes, que mais tarde se soube teve também o dedo direto de Paulo César Farias, o todo-poderoso operador do esquema financeiro da campanha presidencial de Collor.

Joaquim estava bem com Collor, até porque o havia apoiado para presidente, mas o elo de Roberto Fontes com PC se dava através do empresário Maninho Fontes, seu irmão, que gozava da intimidade de PC. Maciel engoliu a seco, Fiúza e Gilson Machado conspiraram ao longo da campanha, mas Joaquim conseguiu impor o nome de Fontes.

Com quem veio a ter uma relação conflituosa ao longo de todo o Governo. De estilo completamente oposto, Roberto Fontes, em lua de mel com a mulher do segundo casamento, 20 anos mais jovem do que ele, quando governador em exercício adorava receber amigos e correligionários para convescotes em Palácio, que varavam a madrugada. Em muitos deles, chegou a zerar o estoque de uísque da cozinha palaciana.

No final do seu Governo, já com Collor cassado, Joaquim se convenceu de que seria melhor não disputar nenhum mandato eletivo nas eleições de 1994, mantendo-se no poder até o final do seu Governo, para não permitir que Roberto Fontes virasse governador por 11 meses. Frustrado, Fontes teve que disputar um mandato de deputado federal, sendo eleito, mas em 98 não conseguir a reeleição.

Joaquim descarta a interferência de Collor via PC Farias na escolha de Fontes, argumentando que o que pesou, na verdade, foi o fato de Roberto Fontes ser Caruaru, maior colégio eleitoral do Interior e reduto de José Queiroz, então candidato a senador na chapa adversária. Mas ninguém engoliu a versão.

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