O clima no Senado é favorável aos interesses de Estados e municípios. O ajuste fiscal do governo faz água por vários furos
Ricardo Noblat
O que mais reforça a imagem de desastrado do governo Dilma – o anterior ou este recém-inaugurado, tanto faz?
As desavenças de Dilma com Lula e o PT?
As mentiras que ela pregou para se reeleger e que remeteram para a lata do lixo a sua popularidade?
A desconfiança alimentada pelo PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros de que ela deixou que vazassem os nomes dos dois como implicados no escândalo da Petrobras?
Ou o suposto complô armado por Dilma e o ministro Gilberto Kassab, de Cidades, para criar um novo partido capaz de enfraquecer o PMDB?
Acho que foi a aprovação em novembro último da lei que reduziu a dívida com a União de Estados e municípios. Só neste ano, a redução seria de R$ 3 bilhões.
Dilma celebrou o desconto junto com prefeitos e governadores. Mas há poucos dias, depois de ouvir seu ministro da Fazenda, disse que não tinha mais como honrar o compromisso assumido.
Sinto muito, gente, desculpe qualquer coisa, é a vida...
Pera aí!
Descobriu-se que Dilma assinou a criação da lei em novembro, mas não a regulamentou. Sem fazê-lo, a lei não vale.
Quer dizer: ela enganou prefeitos e governadores? Fora o Congresso, que aprovou a lei?
Ou sua intenção era a de regulamentar, mas Levy, etc e tal, sabe como é... Não deixou.
Pior: um estudo mais detalhado da lei aprovada em novembro mostrou que ela não obriga o governo a conceder o desconto. Apenas confere ao governo o poder de autorizar o desconto.
Virou piada. Ou não virou? Mas a graça não termina aqui.
Esta semana, a Câmara dos Deputados aprovou uma lei que manda o governo aplicar a lei de novembro. Aí Levy interveio para evitar que o Senado seguisse os passos da Câmara.
Ganhou até terça-feira para propor alguma coisa que desate o nó.
O clima no Senado é favorável aos interesses de Estados e municípios. O ajuste fiscal do governo faz água por vários furos.
Dilma Rousseff e Joaquim Levy (Imagem: AP) |
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