sábado, 29 de novembro de 2014

SANTUÁRIOS ELEITORAIS DO BOLSA FAMÍLIA - ESTAÇÃO IX

 

Comunidade inteira de Pequizeiro, que votou em Dilma em peso, é uma das mais pobres de Belágua.

BELÁGUA (MA) – Localizada a 295 km de São Luis, no Sertão do Baixo Parnaíba, a pequena e miserável Belágua deu uma enxurrada de 93,93% dos votos a Dilma, maior percentual do País e primeiro do Maranhão, por um simples motivo: seus 7.191 moradores são reféns do Bolsa Família. É difícil encontrar na cidade alguém que esteja fora do programa ou que não dependa dele indiretamente, embora, oficialmente, o programa só contemple 1.292 famílias.


Maria José Rodrigues ganha R$ 316, acha pouco e quer aumento.

Na comunidade de Pequizeiro, onde moram 100 famílias, todos exibem orgulhosos o cartão magnético do programa de transferência de renda e não escondem que votaram pela reeleição da presidente em agradecimento “ao que ela faz pelos pobres”, como definiu Maria José Rodrigues, há cinco anos recebendo R$ 316 do programa.


Um típico banheiro no quintal de uma casa de palha é uma fossa.

A pobreza de Belágua é assustadora. A maioria da população vive em casas de palha de barro sapé, o banheiro é uma fossa no fundo do quintal. A cidade não tem hospital, faltam médicos, escolas, saneamento e comunicações. Antes do Bolsa Família, há 12 anos, entretanto, Belágua já esteve pior.

Segundo levantamento do IBGE, divulgado em dezembro do ano passado, o município registrou o maior salto econômico do País, subindo mais de mil posições no ranking de cidades por PIB per capita.

O maior ganho da população foi sair da situação de pobreza extrema para a de pobreza, impulsionada pelos programas de assistência social do governo federal somados à produção artesanal e venda de farinha de mandioca.

Considerando-se a base mínima de quatro pessoas por família utilizada pelo IBGE, o Bolsa Família beneficia de forma direta aproximadamente 5.168 pessoas, o equivalente a 79,2% da população belaguense.

Por isso, o tucano Aécio Neves, que foi endemoninhado pela boataria de que, se eleito, acabaria o programa, teve apenas 230 votos, correspondente a ínfimos 6,07% dos votos válidos.


Na parte urbana da cidade a propaganda de Dilma ainda não foi retirada.

Já Dilma teve 3.558 votos, 93,9% dos votos válidos. De cada 10 dos 3.788 eleitores que foram às urnas no último dia 26 de outubro, data do segundo turno presidencial, nove votaram na petista, que é adorada no município, porque, além do Bolsa Família, perdoou a dívida dos produtores de mandioca e abriu ainda o benefício do Seguro Safra para quem perdeu as culturas de milho e feijão.

Mesmo tendo avançado, Belágua ainda anda feito a cantiga da perua, de mal a pior. A incidência de analfabetismo ultrapassa a metade da população: 52,11%. Apenas três ônibus estão na frota local de veículos e dois postos de saúde municipais oferecem um pequeno leque de serviços de saúde.

A população tem maioria concentrada nas faixas etárias de 5 a 9 anos e 10 a 14 anos. A estimativa é de que, entre 2010 e 2014, o crescimento populacional tenha sido de 667 pessoas, o que leva a população a 7.191 habitantes no total. A Bolsa Família, que chegou às mãos de tanta gente necessitada, aumentou o PIB per capita de 4.991ª para a 3.849ª posição no ranking.

Os povoados de Rio Dois Paus, Mocambo, Deserto, Vaca Velha e Pequizeiro estão entre os mais famosos pela produção de farinha de qualidade. A maioria das casas, geralmente feitas de barro e cobertas com palhoça, têm uma roça de mandioca e uma casa de farinha nos fundos.

Fotos: Magno Martins e Otávio Souto

Edição: Ítala Alves

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