quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Roma a Roma


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Aldo Paes Barreto*

Duzentos e quatorze anos depois que o Padre Roma, um dos líderes e herói, da Revolução Pernambucana 1817, ter sido executado na Bahia pela Monarquia Portuguesa por defender um Brasil livre sem a tutela dos lusos e, muito menos, sem os impostos escorchantes, o destino e a História colocam outro Roma, a Bahia e Pernambuco no noticiário político.

João Inácio Ribeiro Roma Neto, pernambucano de nascimento e baiano por adoção, toma posse hoje no Ministério da Cidadania.  Ele carrega uma história familiar de lutas pela boas e democráticas causas, das quais deve muito se orgulhar. 

O fundador da dinastia, José Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, já não era Padre nem tinha Roma no nome familiar. Mas, assim era chamado por ter estudado em Roma e ficado na História: Padre Roma, um bravo.  

De volta ao Recife, orador culto, refinado e inflamado, defensor de ideias liberais, o Padre Roma aliou-se à maçonaria e enfrentou a ditadura monárquica portuguesa ampliada com a fuga de D. João VI para o Brasil. Sua luta passou a ser junto com outros religiosos, militares, estudantes em favor da emancipação da nação brasileira.

Não conseguiu. Em 1817, foi executado com dose extra de crueldade. O filho José Inácio Abreu e Lima, então estudante na Bahia, foi obrigado a assistir à morte do pai. Fugiu da Bahia, fixou-se na Venezuela, alistou-se às tropas revolucionárias de Simon Bolívar nas lutas pela independência de vários países da então América Espanhola – Venezuela, Bolívia, Colômbia e Equador.

Em dez anos de combates chegou à General. O General das Massas, chefe do Estado Maior de Bolívar.

Desligou-se quando, com um sabre, amputou numa briga pessoal o braço de um colega de armas. O General não era fácil. Regressando ao Brasil e a seu Pernambuco, destacou-se como político, escritor com várias obras publicadas e jornalista. Quando morreu, em 1869, foi sepultado no Cemitério dos Ingleses, ali na esquina das Avenidas Norte e Cabugá, no Recife, porque o Vaticano negou-se sepultado em cemitério católico. 

Ele era maçom.

Maior exemplo na formação do atual ministro, porém, veio do avô João Roma. Católico praticante, formado profissionalmente na antiga Secretaria de Segurança Pública, exerceu a Secretaria do Círculo Católico de Pernambuco, integrou a Ação Estudantil Católica. Líder estudantil, político, advogado, flertou com o integralismo, foi secretário de Segurança, deputado em várias legislaturas, deixou seu nome como tabelião titular no respeitado Cartório.   

É esta a família que o jovem João Roma, que teve em Marco Maciel o doutorado político, está representando, guardião das tradições políticas pernambucana e baiana.

*Jornalista

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