sexta-feira, 15 de julho de 2016

Da Coluna de Magno Martins


Postado por Magno Martins

A caminho da Papuda

A vitória do deputado carioca Rodrigo Maia (DEM), novo presidente da Câmara dos Deputados, na madrugada de ontem, por um placar elástico – 105 votos de diferença – abre a página para se escrever a história do fim de uma era trágica para o parlamento brasileiro, sob a batuta de outro carioca da gema, Eduardo Cunha. Em seu reinado, que, felizmente, durou pouco, nunca se viu tamanho aliciamento, manobras tão maquiavélicas, subserviência e corrupção a olhos vistos.

Cunha nem precisa dizer que é malandro. Está na testa o símbolo da safadeza. O correntista suíço está fadado a ter o mesmo destino dos salafrários da Lava Jato: o xilindró. Mentiu até onde foi possível para esconder contas milionárias na Suíça. Enquanto esteve com a chibata nas mãos, controlou mais de 200 deputados na Câmara, operou esquemas bilionários, enriqueceu e fez o pé de meia de muita gente que lhe pediu continências.

Derrotou o PT, tirou Dilma do poder e só não alçou voos mais altos, como chegar ao Planalto, porque a máscara caiu. A Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro quebraram suas pernas, frustraram seus sonhos e livraram os cofres públicos de mais assaltos. Nos dias que antecederam a eleição do novo presidente da Câmara, o que se assistiu foi um jogo de enganação, blefes dando conta que o ex-todo poderoso detinha o controle de 300 deputados na Casa.

Mentira deslavada. Abertas as urnas, Rogério Rosso (PSD-DF), seu candidato oficial derrotado por Rodrigo Maia, teve apenas 170 votos, perdendo a eleição por uma diferença de 105 votos, uma goleada, na expressão da palavra. Ontem, dia seguinte à derrocada do seu grupo, Cunha assistiu, sem reação e em silêncio, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dar andamento ao processo de sua cassação.

Até meados de agosto, o que se diz em Brasília é que o “gangster”, como assim classificou Eduardo Cunha o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB), no auge da briga que travou com ele, arrependido com o voto dado para elegê-lo presidente, esteja cassado. Sem mandato e, consequentemente, destituído das prerrogativas da imunidade parlamentar, não restará outro caminho para o delinquente que não seja a Papuda, o presídio de segurança máxima do Distrito Federal.

SURRA GRANDE– O que mais surpreendeu, na madrugada de ontem, os deputados na votação em segundo turno na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, foi o tamanho da surra que Rodrigo Maia deu em Rogério Rosso. Devido à polarização, as previsões eram de uma disputa acirrada. Rodrigo ganharia, segundo todos os prognósticos, mas com uma diferença de no máximo 40 votos. Resultado: passou dos 100 votos e não foi maior, segundo analistas, porque o PMDB, que tem 66 deputados na Casa, se dividiu.

PR arrasta PT–
 Licenciado para votar na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, o secretário estadual de Transportes, deputado federal Sebastião Oliveira (PR), que no primeiro turno votou em Fernando Giacobo (PR), segundo-vice da Casa e candidato do seu partido, avalia que a decisão do seu partido, de votar fechado no segundo turno em Rodrigo Maia (DEM-RJ), influenciou a bancada do PT a desistir da ideia de se ausentar do plenário, optando consequentemente pelo voto no democrata. “O PR foi o primeiro a se manifestar prol Maia e isso arrastou outros partidos, como o PT, PDT e até o PCdoB”, disse.

Recurso ao Supremo–Após a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeitar o seu recurso, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse, ontem, que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o processo do Conselho de Ética que aprovou a sua cassação. Com a rejeição do seu recurso, o processo segue agora para o plenário da Câmara, a quem caberá decidir sobre a perda do seu mandato parlamentar. Para ser aprovada, serão necessários pelo menos 257 votos. “Eu vou instar o Supremo porque as ilegalidades são evidentes”, afirmou, ao deixar o plenário da CCJ.

Esquema Hemobrás- O Ministério Público Federal em Pernambuco denunciou à Justiça Federal três servidores da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), por desvio de recursos públicos visando beneficiar empresários ligados ao Consórcio Bomi-Luft-Atlantis, que também foram denunciados na ação. A ação penal é um dos desdobramentos da Operação Pulso, deflagrada no final do ano passado para investigar fraudes e desvios em contratos e licitações da estatal. O esquema teria movimentado mais de R$ 5 milhões. Os acusados de envolvimento no esquema criminoso são o ex-diretor Rômulo Maciel Filho, e os ex-gerentes de Plasma e de Hemoderivados Marisa Peixoto Veloso Borges e Guy Joseph Victor Bruere.

Monteiro contraria Dudu da Fonte- 
A direção do PP deve fechar em Petrolina com a candidatura do deputado Miguel Coelho (PSB) a prefeito do município, mas o partido não irá inteiro para o seu palanque, porque o deputado Fernando Monteiro, na foto ao lado, tende a contrariar o presidente estadual da legenda, Eduardo da Fonte. Sobrinho do ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, Fernando tende a votar no candidato do PT, Odacy Amorim, que lidera as pesquisas ao lado de Adalberto Cavalcanti, do PTB.

CURTAS

VEREADOR NA VICE– O prefeito de Garanhuns, Izaías Régis (PTB), escolheu como vice em sua chapa o vereador Haroldo Vicente (PSC). “Foi um compromisso para prestigiar a Câmara de Vereadores, indicando um parlamentar para compor a nossa chapa”, disse, para acrescentar: “Teremos um vice-prefeito atuante, que vai me ajudar a governar e que estará ao meu ao lado e ao lado do povo”.

EM CARUARU– Candidata a prefeita de Caruaru, a deputada estadual Raquel Lyra (PSDB) participou, ontem, de ato, promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pelo Movimento Popular pela Reforma Urbana (MPRU), no bairro Santa Rosa, em comemoração à conquista daquela área para moradia. “Moradia digna é um direto básico de todo cidadão. As famílias estão de parabéns”, comemorou.

Perguntar não ofende: Já tendo a quem possa passar o cargo interinamente, no caso o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quando o presidente Michel Temer fará sua primeira viagem ao exterior?

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