sábado, 2 de abril de 2016

Da coluna de Magno Martins

Postado por Magno Martins


Silvio virou um líder

Ainda deputado estadual e candidato a federal nas eleições de 2006, o inquieto e polêmico Silvio Costa (PTdoB) me disse, certa vez, que chegando em Brasília, santuário de caciques e cobras criadas, onde baixo clero não tem direito a holofotes, em apenas seis meses se destacaria entre as lideranças mais importantes do Congresso.

Duvidei de tamanha pretensão, porque conheço bem o Congresso. Formado por duas Casas, a Câmara e o Senado, a primeira com 513 deputados e a segunda com 81 senadores, o Congresso é um verdadeiro serpentário, só tem cobras criadas e por isso mesmo a Imprensa não dá bolas a quem chega ali como marinheiro de primeira viagem.

A profecia de Silvio, entretanto, se cumpriu. Em menos de um mês do seu primeiro mandato, pasmem, o vi na telinha do Jornal Nacional, falando sobre iniciativas ousadas de sua autoria. Com menos de dois anos já estava na lista do Diap entre as cem cabeças pensantes e influentes do Congresso.

Quebrou mitos, derrubou preconceitos, abriu um paradigma. Não é fácil se firmar na cena nacional pisando no Salão Verde da Câmara com a pecha de nordestino cabeça chata, sotaque arrastado, com carteirinha de partido pequeno e sem apadrinhamento de medalhões. Foi com coragem, criatividade, ousadia e brilho que Silvio ganhou passaporte de nobre congressual.

Hoje, tem muita gente batendo continência para ele, mesmo descordando do seu estilo muitas vezes agressivo, sua forma não muito cordial de abordar e enfrentar seus contendores. Aristóteles, filósofo grego, dizia que o homem é, por natureza, um animal político. Nunca um conceito se aplicou tão corretamente ao intrépido e provocador Silvio Costa.

Como vice-líder de um Governo fragilizado, contestado e desaprovado, segundo as últimas pesquisas de opinião, Silvio tem agido como um animal político. Mesmo os que não gostam dele admitem que domina a vocação de guiar ou influenciar o Congresso a reverter adversidades num momento tão sombrio da vida nacional.

Silvio ganhou a confiança da presidente Dilma, com quem tem hoje uma relação estreita. Seduziu, também, o ex-presidente Lula, que o procura constantemente para ajudá-lo na reconstrução das pontes políticas que pareciam irremovíveis. Foi a ele, por exemplo, que Dilma e Lula recorreram no feriadão da Páscoa para uma espécie de esforço concentrado em Brasília no momento em que o PMDB ameaçava se transferir para o campo oposicionista.

Há quem diga que Silvio, por ser estouvado, não seja habilidoso. É um mito que precisa ser quebrado. É extremamente hábil e tem dado provas disso. Mais do que isso, tem uma impressionante presença de espírito, um frasista excepcional. Bem relacionado, conhece quase todos os 513 deputados por nome e com eles não encontra dificuldades de quebrar arestas e construir diálogo. Isso é prova de que é também um grande conquistador, ao seu modo, claro. Afinal, não existem, para ser mais preciso, grandes conquistadores que não sejam também grandes políticos.

QUEDA INDUSTRIAL– A produção da indústria recuou 2,5% em fevereiro na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE. É o pior resultado desde dezembro de 2013. É a maior queda da série histórica, que teve início em 2002. O patamar que a indústria opera nesse momento se assemelha ao de dezembro de 2008, onde a produção industrial mostrava um ponto mais baixo da sua série histórica. O dezembro de 2008 acaba sendo o ponto mais baixo daquele ano no patamar de produção, segundo o IBGE.

Com Armando ou as ruas? –
 Ricardo Teobaldo (na foto), Zeca Cavalcanti, Jorge Corte Real e Adalberto Cavalcanti, considerados os deputados “armandistas”, ou seja, ligados ao ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, vivem um grande dilema na votação do impeachment: votar a favor em sintonia com as ruas ou seguir a orientação do chefe, de fidelidade canina à presidente Dilma.



Senador na resistência– Na conversa que teve com o senador Fernando Bezerra Coelho, o ex-presidente Lula pediu logo de saída o voto do seu filho, o líder socialista na Câmara, Fernando Filho, que já se posicionou a favor do impeachment e lidera uma bancada de 31 deputados já fechados com a tese do impedimento da presidente. O senador sofreu um a pressão terrível, mas Lula acabou entendendo a posição do seu filho. Fernando reiterou, também, que se o impeachment passar na Câmara não tem como deixar de seguir o voto do seu filho no Senado.

Pela madrugada– O presidente da comissão especial do impeachment na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), cogita dar início à sessão na qual será votado o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) às três da madrugada do dia 11 de abril para tentar encerrar a análise do parecer no mesmo dia. A expectativa é que a presidente Dilma apresente a sua defesa na próxima segunda-feira. Com isso, o relator do processo na comissão terá até cinco sessões plenárias para apresentar e votar o seu parecer. Esse prazo deverá acabar em 11 de abril.

O vale tudo!– O Palácio do Planalto deflagrou uma estratégia para desgastar a imagem do vice-presidente Michel Temer. A ordem é massificar nas redes sociais que, num eventual cenário de impeachment, Temer assume e o vice-presidente passa a ser o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Constitucionalmente, Cunha assumiria a função de vice-presidente na ausência do titular do Planalto. “Vamos falar que a queda da Dilma significa que o País será comandado pela chapa Temer e Cunha”, disparou o senador Lindberg Farias (PT-RJ).

Representação contra Dilma–
 O deputado e vice-líder da Minoria na Câmara, Raul Jungmann (PPS), protocolou representação contra a presidente Dilma Rousseff junto à Procuradoria Geral da República (PGR). Na peça, acusa a presidente de prevaricação por ter praticar um ato visando satisfazer um interesse pessoal ao nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Ainda segundo Jungmann, a nomeação de Lula também implica em desvio de finalidade por parte da presidente Dilma.

CURTAS

RELATÓRIO– O presidente da CPI que apura fraude nos fundos de pensão, Efraim Filho (DEM-PB), garante que o relatório final será apresentado em 7 de abril pelo relator Sérgio Souza (PMDB-PR). Efraim lamenta a falta de tempo para realizar novas audiências e quebras de sigilo. Segundo ele, o rompimento do PMDB com o Governo facilitaria o aprofundamento das investigações. “O Governo blindou os ex-ministros Carlos Gabas e Jaques Wagner e o ministro Edinho Silva”, afirma.

IMPEACHMENT – O relator da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), antecipará a entrega do seu parecer para quarta ou quinta-feira da semana que vem. Com isso, ele abre tempo de conceder vistas do processo (mais tempo para os deputados analisarem o caso) e poder colocar o relatório em votação no dia 11 de abril.

Perguntar não ofende: Silvinho Pereira, preso ontem, vai contar o que sabe da morte do ex-prefeito Celso Daniel?

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