Dona Gercina, como era mais conhecida, faleceu de problemas cardíacos aos 88 anos – Fotos: Thonny Hill
Foi sepultado na tarde desta segunda-feira (22), no cemitério São Judas Tadeu, o corpo de Gercina da Conceição Sena (88 anos).
A idosa, que residia na Rua Lázaro Davi Monteiro (bairro São Cristóvão), foi uma das primeiras parteiras a trabalhar em Santa Cruz do Capibaribe.
Para quem não conhece, o nome “parteira” é um jargão popular dado as obstetrizes, mulheres que realizam partos ou auxiliam esses trabalhos quando realizados em ambiente domiciliar, seja em localidades que não dispunham de maternidades ou hospitais a locais mais afastados das unidades de saúde.
Elas ainda são muito importantes em muitos estados brasileiros, especialmente em regiões de difícil acesso a exemplo de aldeias indígenas e comunidades quilombolas, onde realizam mais de 40 mil partos / ano.
As parteiras mais tradicionais usavam práticas populares como uso de plantas medicinais, superstições e de simpatias, além da sempre presente oração para que o trabalho de parto aconteça sem maiores problemas.
Um pouco da história
“Ela veio para trabalhar em Santa Cruz do Capibaribe (vinda de Taquaritinga do Norte) no ano de 1975 a convite de Dr. Alexandre Gusmão (já falecido), que era diretor da única unidade mista da época, que era um postinho e uma maternidade, que hoje é o Hospital Municipal” – disse, completando que ela atuou até o ano de 1992.
Questionado sobre a quantidade de partos que sua mãe chegou a realizar ao longo de 17 anos, ele não soube precisar quantos, mas citou que diversas mulheres de famílias tradicionais no município, a exemplo da família Silvestre e Catanha, já tiveram partos realizados por ela.
Amigos que estavam no local relataram que foram várias centenas de partos que foram realizados ao longo deste período, sem contar os realizados em Taquaritinga do Norte, onde atuou antes de trabalhar em Santa Cruz.
Continuidade após a aposentadoria
Hosano contou ainda que a sua mãe, mesmo aposentada como parteira, voltou a trabalhar na área, desta vez como Agente Comunitária de Saúde (ACS) durante mais 15 anos, onde atuou no bairro São Miguel até o ano de 2007.
Segundo o filho, a idade avançada não permitia que a mesma continuasse a desempenhar suas funções.
Os problemas de saúde e o falecimento
Segundo o filho, os problemas de saúde começaram a aparecer com mais frequência em 2013, onde já sofria de problemas de pressão.
Foi detectado um problema cardiovascular, que se agravou nos últimos 90 dias, onde ela chegou a ser internada algumas vezes no Hospital Municipal.
“Ela foi internada, passou na faixa de 15 dias, recebeu alta… Teve um tratamento “10” do pessoal de lá (enquanto esteve internada) e do enfermeiro que fez o tratamento em casa. Eu agradeço. Foi a gente junto lutando para ver se ela conseguia superar essa doença, mas quando foi dia 19, por volta das 22h, eu senti que não encontrei os batimentos cardíacos dela. Liguei para o Hospital Municipal, o Samu estava em ocorrência, coloquei-a no meu veículo, levei-a ao hospital… Fizeram o que puderam, agradeço a todos pelo esforço, mas pela força do poder superior, porque quem manda é Deus, ele achou melhor leva-la para junto dele” – disse.
A idosa deixa 06 filhos, 11 netos, 02 bisnetos, 02 genros e uma nora.
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