quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Da Coluna de Magno Martins



Postado por Magno Martins



Bruno pode perder Ministério

Após a vitória na Câmara, o presidente Michel Temer já se prepara para enfrentar uma nova batalha política: a demanda dos deputados do centrão por mais espaço ministerial. Eles cobram do governo os cargos ocupados pelo PSDB. Os tucanos têm quatro ministérios. Como a bancada do PSDB orientou voto contra Temer, deputados do centrão defendem que o presidente diminua o tamanho do PSDB no governo, em retaliação.

Auxiliares do presidente admitem que Temer terá de discutir um redesenho do governo, mas que nada ainda foi decidido. Deputados do centrão argumentam terem sido os principais apoiadores do presidente na votação da denúncia por corrupção passiva contra Temer. A principal demanda deles é o ministério das Cidades. Hoje, a pasta é comandada pelo tucano Bruno Araújo.

Uma das bancadas que está de olho na pasta é o PSD. O partido tem o Ministério da Ciência e Tecnologia, ocupada por Gilberto Kassab. Mas deputados do PSD disseram ao blog que preferem Cidades, que atende aos municípios com liberação de recursos- crucial para os deputados às vésperas da eleição de 2018. Os prefeitos são cabos eleitorais importantes de deputados.

O problema, segundo os relatos, é que Kassab estaria resistindo a reassumir Cidades. Ele já ocupou o posto quando foi ministro do governo Dilma Rousseff. O ministro Bruno Araújo disse que a discussão sobre Ministério quem faz é o partido. "Não é o ministro com o presidente. É o PSDB com o presidente. A prioridade agora é reconstruir pontes dentro do partido entre os diferentes grupos".

Outra disputa, embora velada, será pelo protagonismo na retomada da agenda econômica, com foco na reforma da previdência. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quer liderar o processo, demonstrando ter força no Legislativo, junto aos deputados, para aprovar a reforma da previdência.

Maia diz a aliados ter capital político para conduzir o processo, e seus aliados apostam no desgaste do governo junto à Câmara após a derrubada da denúncia. Mas o presidente da Câmara vai enfrentar o plano do governo: Temer tem dito não ter apego ao cargo - mas o que pode fazer no cargo em relação à economia.

Ele tem argumentado a aliados que, passada a denúncia, daria prosseguimento às reformas. Temer diz que quer passar para a História como o presidente que "transformou", que tirou o Brasil da crise econômica.

COM A EQUIPE– O presidente Michel Temer reuniu ministros e assessores no Palácio do Planalto para assistir à sessão da Câmara destinada à votação da denúncia por corrupção passiva contra ele. Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), responsável por consolidar os mapas da votação elaborados por deputados da base, Moreira Franco (Secretaria-Geral), Henrique Meirelles (Fazenda), Sergio Etchegoyen (GSI), Torquato Jardim (Justiça) e Raul Jungmann (Defesa) acompanharam a sessão ao lado do presidente, assim como o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Blairo Maggi (Agricultura) também passou pelo gabinete de Temer.

A versão de Sebastião–
 Único secretário estadual a se licenciar do cargo para votar na sessão destinada a votar o pedido de investigação do presidente Temer, Sebastião Oliveira, dos Transportes, disse ao blog que o governador Paulo Câmara, cujo partido, o PSB, fechou questão contra o Governo, entendeu a sua situação. “Reassumi a pedido do meu partido”, afirmou Sebastião, referindo-se ao PR, que, ao contrário do PSB, votou fechado com o Governo.

Relator misterioso- O relator da Lava Jato no STF, ministro Luiz Edson Fachin afirmou, ontem, que assim que a Câmara dos Deputados tomar uma decisão sobre o prosseguimento ou não denúncia contra o presidente Michel Temer vai se manifestar sobre os próximos passos do inquérito. Indagado por repórteres, Fachin não quis explicar quais são as regras e o que poderia ocorrer na hipótese de a denúncia ser arquivada pelos deputados federais. "Assim que a Câmara tomar lá uma decisão, eu vou ordenar o processo em seguida. Mas não vai demorar muito, tá bom?", limitou-se a dizer.

Erro da oposição– Antes mesmo de iniciar a votação da denúncia contra Michel Temer na Câmara, deputados da oposição admitiam que o cenário era amplamente favorável ao presidente. A primeira derrota dos oposicionistas foi não conseguir impedir o governo de alcançar o quórum de 342 deputados para dar início à votação, o que aconteceu por volta das 12h30. "Perdemos", afirmou o deputado Sílvio Costa (PTdoB). Segundo ele, a oposição errou ao se inscrever para fazer discursos e, assim, contribuir com o quórum. Ele também afirmou que o governo foi bem-sucedido em convencer deputados dissidentes da base, como do PSDB, a marcar presença mesmo que votassem contra Temer.

Imposto Único –
 De volta à Câmara dos Deputados no lugar de Kaio Maniçoba (PMDB), que assumiu a Secretaria estadual de Habitação, o deputado Luciano Bivar (PSL) disse, ontem, ao blog, que uma das suas principais iniciativas no mandato será restaurar o projeto de sua autoria criando o chamado Imposto Único. “Seria a melhor saída para reduzir a carga tributária no País”, diz. Na votação de ontem, Bivar votou contra a investigação do presidente Temer.

CURTAS

ARTISTAS– Caetano Veloso e Paula Lavigne lideram desde o mês passado um movimento de artistas e profissionais da TV e da música que se manifestam pelo "Fora, Temer", pedindo que a Câmara dos Deputados aceite a denúncia contra Michel Temer. As postagens do grupo se tornaram mais frequentes.

TUCANOS– Os dois deputados da bancada do PSDB de Pernambuco na Câmara dos Deputados – Daniel Coelho e Betinho Gomes – votaram pela investigação do presidente Temer. Já o deputado Jorge Corte Real, do PTB, votou a favor de Temer. Jarbas Vasconcelos manteve a palavra e quando chamado a votar disse apenas um seco “não” à aprovação do relatório.

Perguntar não ofende: Temer começa a nova fase do seu Governo com uma minirreforma ministerial?

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