quarta-feira, 29 de outubro de 2014

NA ILHA TUCANA, TODOS QUEREM SER PAI E BOLSA NÃO PESOU



Taquaritinga do Norte, a 164 km do Recife.

Classificada como uma “ilha tucana” num Estado em que 184 dos 185 municípios deram de forma esmagadora a vitória a Dilma, Taquaritinga do Norte, a 164 km do Recife, no Agreste Setentrional, precisa urgentemente de um estudo sociológico para identificar as razões que influenciaram a maioria do seu eleitorado – 51,52% - a optar pela candidatura de Aécio Neves ao Palácio do Planalto.

Entre os aliados tucanos, todos puxam a sardinha para a sua brasa. O prefeito Evilázio Araújo (PSB) diz que houve uma transferência voluntária dos votos de Marina Silva (PSB) para Aécio pela força que detinha o ex-governador Eduardo Campos no município. “No primeiro turno, Aécio só teve aqui 1.876 votos, ficando em terceiro. No segundo, foi o primeiro, com 7.340 votos, quase a mesma votação de Marina”, diz.

O prefeito classifica como uma piada de mau gosto o seu principal adversário, Jânio Arruda, vereador pelo PSD, assumir a paternidade da vitória no município. Araújo diz que para se explicar uma eleição qualquer pessoa é obrigada a recorrer a números. Sendo assim, ele toma como parâmetro a eleição de primeiro turno.

Na eleição para governador, Paulo Câmara (PSB) teve 6,4 mil votos, Fernando Bezerra se elegeu senador com 6,1 mil votos e Marina teve 6,4 mil votos. “Na eleição proporcional, o deputado federal Bruno Araújo, apoiado por mim, teve 3.370 votos, enquanto André de Paula, apoiado pelo meu adversário, teve 1.450. Quem transferiu mais votos?” A pergunta é do prefeito endereçada a Jânio Arruda.




Vereadores que apoiaram Aécio no segundo turno em Taquaritinga.

O vereador Jânio Arruda afirma que o prefeito blefa, o acusa de não ter feito sequer um porta a porta para eleger Aécio Neves em Taquaritinga. “Ele deu maior percentual de votos aos seus proporcionais usando a máquina, mas essa transferência que ele diz ser automática não existiu. Quem fez campanha aqui fomos nós”, desabafou, referindo-se também aos vereadores João da Banda, Edmar Pequeno e Cíntia Gonçalves, todos do PSDB.

“Fomos nós que saímos às ruas, montamos o comitê e trabalhamos fortemente para eleger Aécio”, acrescenta Jânio. Segundo ele, o prefeito mente quando diz que a transferência de votos para o tucano se deu também pela aprovação da sua gestão. “Ele faz uma péssima administração. O hospital daqui, por exemplo, está ameaçado de ser fechado”, afirmou.


Jakcivan Ferreira votou em Aécio porque quer o fim da corrupção.

Brigas à parte, numa simples caminhada pela cidade dá para sentir um pouco o termômetro da eleição. O jovem Jakcivan Ferreira, de 22 anos, assume que votou em Aécio, mas não por ter sido influenciado por político A ou B. “Meu voto em Aécio foi pelo fim das coisas erradas, a corrupção”, afirmou.


Valter Silva votou em Aécio acreditando na mudança.

Já o guarda municipal Valter Silva, 63 anos, diz que Taquaritinga do Norte deu um voto de confiança em Aécio em busca de mudanças. Ele diz que os políticos do município, como o prefeito, se envolveram na eleição e isso pode ter levado o tucano à vitória. “Dilma poderia até ter vencido a eleição aqui, porque há feitos do Governo, que só está ruim porque não cuida da saúde”, observa.

No estudo que alguém se proponha a fazer em Taquaritinga do Norte, que tem uma população estimada em 27 mil habitantes e que enfrenta os mesmos problemas dos demais grotões do semiárido, há de se constatar, também, que o programa Bolsa Família não exerceu influência no eleitorado tão forte para dar a vitória a Dilma. E não foi por ter um contingente pequeno de beneficiários.

Segundo dados oficiais da Prefeitura, existem mais de cinco mil famílias beneficiadas. “Aqui, a bolsa não funcionou. O que funcionou foi a vontade do povo”, interpreta o radialista Paulo Sobral, que pilota o programa de maior audiência na cidade pela rádio Farol, de meio dia às duas da tarde. Segundo ele, os políticos mentem quando querem se apoderar da vitória. “Aqui, houve uma onda de mudança. Só isso”, afirmou. Administrativamente, o município é composto pelo distrito-sede, Gravatá do Ibiapina e Pão de Açúcar e pelos povoados de Vila do Socorro, Jerimum, Mateus Vieira e Algodão. Destes, o único em que Dilma se saiu vitoriosa foi Pão de Açúcar, com 200 votos de frente. Taquaritinga é conhecida como a "Dália da Serra", por apresentar muitos exemplares desta flor em suas praças.




Comitê tucano em Taquaritinga do Norte.

Considerando sua baixa latitude, possui um clima relativamente ameno, com temperatura suavizada pela altitude. A temperatura média anual é de dezoito graus Celsius. A cidade nasceu em meados do século XVIII. No início do século XIX, era um lugar já populoso, formado por terras pertencentes a dona Maria Ferraz de Brito, a qual dividiu sua propriedade em lotes, o que deu lugar ao desenvolvimento da povoação.

Por conta da Lei Provincial 1 895, de 10 de maio de 1887, a sede municipal foi elevada à categoria de cidade. Todo ano, no dia 10 de maio, Taquaritinga comemora a sua emancipação política. Para chegar a Taquaritinga do Norte, o visitante precisa subir a Serra da Taquara. Lá no alto, encontra-se o município.

O clima ameno predomina durante todo o ano, porém, no verão, as temperaturas, durante o dia, são bem altas e à noite, ficam na média dos vinte graus Celsius. No inverno, a temperatura ao dia dificilmente ultrapassa os 25°C e, à noite, está quase sempre abaixo dos 18ºC, chegando, em raras ocasiões, a pouco mais de 10ºC.

Em pontos como a Rampa do Pepê, por exemplo, localizada a uma altitude de 1.200 metros, com um desnível à frente de mais de 590 metros, a temperatura, durante a madrugada dos meses mais frios, pode, em algumas raras ocasiões, chegar a menos de dez graus Celsius.

DO BLOG DE MAGNO MARTINS.

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