Josias de Souza
Jarbas abandona relatoria da indicação do novo embaixador em La Paz
Sem comando há três meses e meio, a embaixada do Brasil na Bolívia deve permanecer acéfala por pelo menos meio ano. Em sessão realizada nesta quinta (12), a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu manter no freezer a mensagem presidencial que indicou para o posto o diplomata Raymundo Santos Magno. Perto do Natal, os congressistas irão ao recesso. Só voltam em fevereiro. E não há perspectiva de devolução do tema à pauta antes de março de 2014.
Relator do processo de indicação de Raymundo Magno, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) renunciou à atribuição. Fez isso porque considerou “superficiais e insatisfatórias” as respostas a um requerimento de informações que enviara ao Itamaraty sobre a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz. Jarbas achou especialmente precários os dados relacionados à situação do diplomata Eduardo Saboia.
Invocando razões humanitárias, Saboia retirou Roger Molina da embaixada em 24 de agosto. Mesmo sem dispor de um salvo-conduto do governo boliviano, trouxe o opositor do governo de Evo Morales de carro até o Brasil. Saboia era, então, encarregado de Negócios. Respondia pela embaixada porque o chefe do posto, o embaixador Marcel Biato, estava em Brasília cuidando de sua transferência para a Suécia.
Dilma tomou o gesto de Saboia como ato de insubordinação. Mandou abrir contra ele um processo disciplinar. Livrou-se do chanceler Antonio Patriota, nomeando para o lugar dele Luiz Alberto Figueiredo. A presidente considerou que Biato foi cúmplice. Anulou a mensagem que enviara ao Senado indicando-o para a Suécia. De resto, em 29 de agosto, cinco dias depois fuga de Roger Molina, Dilma afastou Saboia e Biato dos postos que exerciam na Bolívia.
Há três meses, numa sessão realizada em 12 de setembro, Jarbas dissera na Comissão de Relações Exteriores: “O Senado não terá como analisar a indicação do novo embaixador para a Bolívia enquanto a espada de Dâmocles pesar sobre o pescoço de Eduardo Saboia.” Por isso remetera o requerimento de informações ao Itamaraty. Não se conforma com o fato de a sindicância contra Saboia permenecer aberta por tanto tempo. Insinua que o Itamaraty de viola os direitos do diplomata.
Jarbas preferiu devolver a mensagem de Dilma ao colega Ricardo Ferraço, o presidente da Comissão de Relações Exteriores. Com o assentimento do colegiado, Ferraço decidiu assumir ele próprio a relatoria da indicação do novo embaixador. Ecoando Jarbas, ele disse que o Itamaraty deve explicações ao Senado e condicionou a análise do nome de Raymundo Magno ao provimento das respostas. Assim, a embaixada de La Paz continuará sem comando.
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