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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PÃO, CIRCO E VIOLÊNCIA.

Enviado por Gaudêncio Torquato -

Pão, circo e violência, por Gaudêncio Torquato

A historinha é conhecida. Vespasiano, o imperador, em 22 de junho de 79 d. C., pouco antes de morrer, em carta ao filho Tito, aconselhava-o a concluir a construção do Colosseum (Coliseu), que daria a ele “muitas alegrias e infinita memória”. Pois, entre um banheiro, um banco de escola ou um estádio, o povo preferia sentar nas arquibancadas deste último.

O conselho se fundamentava na ideia de que seduzir a plebe com pão e circo era a melhor receita para diminuir a insatisfação popular contra os governantes. Tito acabou inaugurando o famoso monumento, no centro de Roma, com 100 dias de festa.

Descortinava-se, ali, a era do “panis et circensis”, que consistia em proporcionar, naquela arena, espetáculos sangrentos entre gladiadores e distribuição gratuita de pão.

Implicava alto custo aos cofres do Império, com elevação de impostos e economia destroçada, mas a prática populista emprestava enorme prestígio aos imperadores romanos. É sabido que os jogos, ao longo da história da Humanidade, funcionaram como verniz para ilustrar a imagem de governantes.



Coliseu, Roma.

Hoje, a estratégia para cooptar a simpatia das populações por meio das artes/artimanhas e do entretenimento continua recebendo atenção de administradores públicos de todos os quadrantes.

Não por acaso, nossas arenas esportivas, que se preparam para abrigar os jogos da Copa de 2014, deverão colorir o portfólio de feitos do governo. O que tem mudado na paisagem dos espaços lúdicos não é a ambição dos condutores dos Estados de alçar os píncaros da fama, mas o comportamento das plateias.

Espectadores que, outrora, fruíam a catarse dos embates esportivos, exaltando ou deplorando a performance de contendores, tornam-se eles próprios competidores, lutadores, gladiadores, disparando uns contra outros não apenas a arma das imprecações, mas armas de fogo e partindo para a violência física.

A alteração comportamental das pessoas que vão aos estádios é preocupante, principalmente em nosso território, que elege o futebol como esporte nacional, e se depara, a cada campeonato, com os novos sujeitos, as chamadas torcidas organizadas.

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