quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Mesmo vitorioso, Temer virou presidente menor


Resultado de imagem para temer

Josias de Souza

Na votação da denúncia contra o presidente da República, o placar eletrônico da Câmara estampou um resultado paradoxal. Os vitoriosos saíram da sessão menores do que entraram. Michel Temer encolheu porque teve de comprar votos. Os deputados que o salvaram se apequenaram porque, submetidos a uma aberração histórica —um presidente denunciado por corrupção— preferiram se fingir de cegos a tomar a única providência moralmente aceitável, que seria autorizar o Supremo Tribunal Federal a julgar o acusado.

Eufórico com o resultado, a primeira reação de Temer, ainda em privado, foi dizer que o sepultamento da denúncia contra ele representa uma virada de página. De fato, a página foi virada. Só que para trás. Aliviado, o presidente diz que retomará sua agenda de reformas. Mas a única reforma que avançará nos próximos dias é constrangedora. Será reformada a meta fiscal do governo: o rombo nas contas públicas, que deveria fechar 2017 em R$ 139 bilhões, será ainda maior.

Quando foi às ruas para gritar “Fora, Dilma”, o brasileiro queria se livrar de uma presidente incapaz de todo. Ganhou Temer, um substituto que se revela capaz de tudo —inclusive de renovar seu compromisso com os maus hábitos em plena era da Lava Jato. Rendido a organizações partidárias com fins lucrativos, todas financiadas pelo déficit público, Temer parece perseguir a popularidade zero. No momento, seu principal trunfo é a falta de opção. As pesquisas informam que o brasileiro está se saco cheio. Mas não há quem se anime a sair às ruas para gritar “queremos Rodrigo Maia!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário