terça-feira, 8 de agosto de 2017

Água da transposição do São Francisco é alvo de “captação irregular” no interior da Paraíba

Postado por Inaldo Sampaio


O canal do Eixo Leste do projeto de transposição do São Francisco está sendo alvo de captação irregular de água no interior da Paraíba, conforme constataram recentemente o Ministério Público Estadual e o Ministério da Integração.

Agricultores que residem às margens do canal fazem a captação irregular da água para irrigar suas plantações. O desvio, segundo a assessoria do ministro Hélder Barbalho, representa mais de 50% da água que é transportada para abastecer Campina Grande e outras 19 cidades do sertão paraibano.

Segundo o procurador de Justiça Francisco Sagres, a maioria das captações irregulares foi encontrada em um trecho de 20 quilômetros, que vai da entrada da água para o açude de Boqueirão, numa localidade chamada Jacaré, até a lâmina de água do açude.

“Nesse trecho nós temos uma perda de 500 litros de água por segundo. A coisa é tão grave que a água retirada do Açude de Boqueirão para abastecer Campina Grande e mais 19 cidades é de 850 litros por segundo”, disse o procurador à Agência Brasil.

O Ministério da Integração Nacional estima que essas ligações não autorizadas já tenham desviado cerca de 20 milhões de metros cúbicos de água nos últimos dois meses e meio.

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a prioridade de uso da água é para o abastecimento humano e animal, conforme outorga da Agência Nacional de Águas (ANA). Além disso, a região sofre uma grave crise hídrica devido à seca que se estende por 7 anos.

“Não há ainda segurança hídrica no açude de Boqueirão e a qualquer momento pode haver uma paralisação dessa transposição. E aí, como iremos abastecer Campina Grande? Com carro-pipa?”, questionou Francisco Sagres.

Segundo o Ministério da Integração, “como o projeto está em fase de pré-operação, a utilização do ‘velho Chico’ para outros usos, neste momento, pode colocar em risco a segurança hídrica da população do estado da Paraíba”.

A fiscalização foi realizada no dia 31 de julho, motivada pela diferença entre o volume de água que passava por Monteiro (PB) , primeiro ponto do canal do Eixo Leste em solo paraibano, e a quantidade que chegava até o Açude do Boqueirão.

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