sábado, 22 de julho de 2017

PT e Armando: em palanques diferentes?


Ao contrário de 2014, quando apoiaram o PTB, petistas alegam que acirramento no plano nacional exige distanciamento


Teresa é contra apoio ao petebista e prega candidatura própriaFoto: Brenda alcântara

Por Ulysses Gadêlha

A deputada estadual Teresa Leitão (PT) avaliou, na última quinta-feira (20), que o PT de Pernambuco provavelmente não estará no palanque do senador Armando Monteiro (PTB), possível candidato a governador, em 2018. Durante ato em defesa do ex-presidente Lula e pelos direitos dos trabalhadores, a deputada esclareceu que a postura favorável de Armando à reforma trabalhista e à terceirização dificulta a manutenção da aliança. O diretório estadual fala em trabalhar, para o próximo ano, uma candidatura própria que reflita o campo ideológico do PT.

O senador é aliado do PT desde 2006 e já foi ministro de Dilma Rousseff (PT). Na sua chapa de 2014, o candidato ao Senado era o petista João Paulo, que encabeçou a disputa pela Prefeitura do Recife, em 2016, com o apoio do PTB. Teresa Leitão, por sua vez, acredita que o acirramento da política nacional e a forma como as reformas foram aprovadas vão de encontro aos ideais do PT. “No governo Dilma já se discutia esse tipo de reforma, mas o problema é que elas aconteceram com o governo Temer, que não tem legitimidade popular. A gente critica o conteúdo e a forma dessas mudanças”, explica.

Armando, todavia, prefere a cautela. “Aliança não se faz entre iguais. Aliança se faz entre partidos diferentes que se reúnem em torno de uma causa comum. A deputada Teresa nos conhece há muitos anos, essa não é uma posição nova”, esclarece o senador.

Nos últimos dias, ele caminhou por municípios do Sertão pernambucano e se encontrou com o grupo do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), que ultimamente dá sinais de insatisfação com o partido. Armando também fez acenos ao PSDB e ao DEM, que podem compor o palanque e se colocam como independentes da Frente Popular. “No momento, não há definição desse campo de alianças. Nós vamos continuar dialogando sem preconceito e sem exclusão”, pondera o senador.

O discurso de manutenção da aliança com o PT parte, principalmente, dos deputados federal Silvio Costa (PTdoB) e estadual Silvio Costa Filho (PRB), que entendem como necessária a formação de uma frente de esquerda para se contrapor a Paulo Câmara.

“Entendemos que se o PT tiver a candidatura de Lula, é preciso oferecer um palanque consistente para o governo de Pernambuco, com capilaridade nos municípios”, pontua Silvio Costa. Teresa, no entanto, diz que os dois não podem falar pelo PT. “A nossa aliança existe na oposição, na Assembleia, um âmbito específico, mas não significa que é o quadro do ano que vem”, verifica.

A política de alianças que o PT priorizou nos últimos anos, de acordo com o presidente do diretório estadual, Bruno Ribeiro, dará lugar à defesa do campo ideológico de esquerda. “Nós temos um candidato a presidente da República e queremos reconquistar nossa bancada, os municípios do Estado”, estabelece. Para Bruno Ribeiro, o momento é de unificar o partido e a estratégia de candidatura própria, defendida pela maioria dos correligionários, servirá como canal para criar “alternativas que resgatem Pernambuco do retrocesso que está vivendo”.

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