quarta-feira, 26 de julho de 2017

Geraldo Alckmin faz jantar com socialistas


O encontro servirá para reforçar a liderança de Márcio França em São Paulo, mas desagradou dissidentes do PSB



Alckmin é visto como uma opção na cabeça de chapa para uma aliança entre PSB e PSDB em 2018Foto: Marcelo Camargo/abr

Carol Brito

Em meio ao racha que divide o partido, integrantes da Executiva Nacional do PSB estarão unidos nesta quarta-feira (26), à convite do governador Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. O encontro deverá reunir dois potenciais adversários na disputa pelo comando da sigla, o vice-governador Márcio França (PSB) e o atual presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira (PSB). A reunião visa mostrar que a agremiação está unida em torno da liderança de França no estado paulista e apoia o seu projeto majoritário estadual em 2018.

Presente no encontro, o vice-presidente nacional do PSB e governador, Paulo Câmara (PSB), afirmou que a intenção dos dirigentes socialistas é ouvir o líder tucano, mas que a eleição do ano que vem não está na pauta. Sobre as especulações de que o encontro seria uma articulação de Alckmin para viabilizar a unidade do PSB, o chefe do Executivo garante que a sigla está coesa. "A cúpula da Executiva Nacional do PSB está unida, senão não iríamos todos participar de um encontro com ele", afirmou. Segundo ele, a participação demonstra a unidade e apoio à liderança de Márcio no PSB de São Paulo.

Nas últimas semanas, Márcio França vinha articulando um movimento interno na legenda para garantir uma demonstração de apoio à sua liderança em São Paulo. O socialista tenta se cacifar na disputa e contar com o apadrinhamento de Geraldo Alckmin, mas o posto é cobiçado por uma revoada de tucanos paulistas, como o prefeito da capital paulista, João Doria, o senador José Serra, o secretário David Uip (Saúde) e o ex-senador José Aníbal.

Em contrapartida, Geraldo Alckmin possui uma boa relação com o PSB e até mesmo seu ingresso na legenda chegou a ser cogitado. Os planos naufragaram com o fortalecimento da candidatura do governador no PSDB, mas Alckmin ainda alimentaria a expectativa de contar com o PSB na sua vice. O chefe do Executivo é visto como a opção viável na cabeça de chapa para uma aliança entre PSB e PSDB em 2018, já que João Dória sofre grande resistência da militância de base da agremiação.

O convite de Geraldo Alckmin se estendeu aos integrantes da Executiva do PSB, além dos três governadores da legenda. No entanto, apesar de terem sido convidados, o secretário-nacional do partido e prefeito, Geraldo Julio, e o vice-presidente da sigla, Beto Albuquerque, não participarão do encontro.

Estranhamento
O movimento de Geraldo Alckmin causou efeitos colaterais que acenderam um sinal de alerta entre os dissidentes socialistas. A líder do PSB na Câmara Federal, Tereza Cristina, não teria sido convidada para o encontro, mesmo o governador paulista tendo uma boa relação com a bancada da sigla. Outra liderança que não confirmou presença no encontro foi o vice-presidente do PSB e senador, Fernando Bezerra Coelho (PSB).

Além disso, uma ala dos descontentes começa a alimentar uma insatisfação com Márcio França ,por sua omissão em defender publicamente a ala da ofensiva da Executiva Nacional contra eles.

A falta de convite foi alvo de estranhamento no grupo, ainda mais após a reunião de Geraldo Alckmin com lideranças do Democratas, nesta semana. A legenda aposta no crescimento com a expectativa de poder em torno do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM), primeiro na atual linha sucessória ao Palácio do Planalto. O fortalecimento do aliado democrata pode ameaçar a hegemonia do PSDB nas próximas eleições. O grupo de dissidentes socialistas se transformou na principal aposta do DEM para engordar suas hostes e o seu passe vem sendo disputado, inclusive, pelo PMDB do presidente Michel Temer.

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