sábado, 24 de junho de 2017

Petrobras vai retomar obras da Refinaria Abreu e Lima, envolvida na Lava Jato


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Foto: Heudes Regis/JC Imagem

Publicado por Amanda Miranda em Notícias


A obra para garantir a operação total do primeiro conjunto de unidades da Refinaria Abreu e Lima, a Rnest, em Pernambuco, será retomada nas próximas semanas. O contrato com o consórcio Conenge SC-Possebon foi assinado na última quinta-feira (22). O empreendimento está em operação desde dezembro de 2014, mas bem abaixo da capacidade, e sua construção é investigada pela Operação Lava Jato.

O serviço é para o término da construção da carteira de enxofre da refinaria. A obra permitirá a ampliação da produção no chamado primeiro trem de refino para 115 mil barris por dia – número que equivale à capacidade total em cada uma das duas unidades. Isso representa um aumento de 15% na realidade atual.


De acordo com a Petrobras, essas duas unidades são as responsáveis pelo tratamento dos líquidos e gases resultantes do processo de produção de combustíveis com baixo teor de poluentes, como o Diesel S-10 (diesel com até 10 partes por milhão de enxofre), gerando carga rica em enxofre para a unidade de Snox – que teve obras de reforma iniciadas em maio. Essa última unidade produzirá então o ácido sulfúrico, produto com várias aplicações industriais, tais como na produção de fertilizantes e no processamento de minérios.


O governador Paulo Câmara (PSB) solicitou a retomada das obras na refinaria desde o ano passado ao presidente Michel Temer (PMDB). Em maio, foi informado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, de que a solicitação seria atendida. A conclusão do empreendimento está atrasada em mais de cinco anos.
Aumento de preços para uma refinaria no centro das investigações

A refinaria foi anunciada em 2005, com a promessa de que mudaria – junto à Petroquímica Suape, em processo de venda, e ao Complexo de Suape – a realidade da região na área sul do Grande Recife. A previsão era de que a construção das unidades – que produziriam, além de óleo diesel, gás de cozinha e coque de asfalto – sairia por US$ 2,4 bilhões, em parceria entre a Petrobras e a estatal de petróleo da Venezuela PDVSA. Porém, a empresa do país vizinho não enviou recursos e deixou a obra em 2013, quatro anos depois de a Petrobras afirmar que havia um erro nos cálculos e que o custo seria cinco vezes mais alto, US$ 13,4 bilhões. No ano passado, o valor já chegava a US$ 17,8 bilhões, com previsão de ainda aumentar US$ 1 bilhão. Edison Lobão, Graça Foster, Dilma Rousseff e Eduardo Campos em visita à refinaria, em 2013 (Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho/Arquivo Presidência da República)

Relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontavam sobrepreço nos contratos e em 2010 o órgão chegou a recomendar a paralisação da obra quando, em 2014, a Lava Jato expôs o esquema de corrupção na Petrobras e envolveu diretamente a Refinaria Abreu e Lima. Só a Odebrecht, na delação premiada que veio a público em abril, apontou que as obras na Rnest renderam R$ 90 milhões em propina a PP, PT e PSB.

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