terça-feira, 27 de junho de 2017

“Nós também contribuímos para esta grande confusão”, diz Gilmar Mendes sobre crise política


Postado por Inaldo Sampaio


O ministro Gilmar Mendes admitiu em São Paulo, nesta segunda-feira (26), ao participar na sede da Fiesp (Federação das Indústrias) de um seminário sobre a reforma política, que o Poder Judiciário também contribuiu “para esta grande confusão” (crise política) que há no Brasil, na medida em que barrou a cláusula de barreira e o financiamento privado das campanhas eleitorais.

Ele repetiu o que disse no Recife, uma semana atrás, quando fez uma palestra para empresários do LIDE Pernambuco: que uma “república de promotores e juízes” não convém aos interesses do país.

“Considerando os paradigmas que adotamos (no Poder Judiciário), em geral muito concessivo para servidores, se administrássemos o deserto do Saara faltaria areia em pouco tempo. Portanto, moderação com esse tipo de pretensão”, disse o polêmico ministro.

Gilmar voltou a dar apoio à aprovação do projeto de lei de abuso de autoridade e, em que pese o desgaste da classe política em decorrência da Operação Lava Jato, decretou: “Não há salvação fora da política e dos políticos”.

– Sejamos críticos das mazelas dos políticos e das políticas, mas tentemos aperfeiçoar o sistema, discutamos com profundidade a superação dos sistemas que se revelam impróprios, mas não tentemos inventar um novo regime porque, com isso, corremos o risco, ao introduzi-lo, de trazemos o comprometimento sério para os paradigmas democráticos – declarou o ministro.

No meio de sua explanação, ele fez a seguinte pergunta aos empresários: “Não seria chegada a hora de discutirmos o próprio sistema de governo? Eu deixo aqui essa proposta. Não devemos pensar em resgatar a ideia, tão vívida no debate de 1988 (Assembleia Nacional Constituinte), de parlamentarismo ou semipresidencialismo?”

Para ele, cláusula de barreira para partidos políticos e o fim das coligações proporcionais, que constam da agenda da reforma política, “são tentativas de dar racionalidade ao sistema”.

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