sexta-feira, 24 de junho de 2016

Da coluna de Magno Martins


Coluna da sexta-feira

Postado por Magno Martins à


Queiroz: "Campina nem contrato tem"

O prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), culpou, ontem, uma emissora de TV, pela polêmica, no seu entender desnecessária, envolvendo o cachê de R$ 575 mil que será pago ao artista Wesley Safadão para se apresentar, amanhã, na grade dos festejos juninos da capital do forró. Segundo ele, o valor de Caruaru está exposto no portal de transparência do município e não está nem abaixo nem acima do que o “astro” cobra em festas concorridas como o São João no Nordeste.

“Não é verdade que Campina Grande está pagando R$ 195 mil pelo mesmo show, porque ali nem contrato existe”, disse Queiroz, profundamente irritado. Segundo ele, a cidade paraibana, que concorre com Caruaru na atração de turistas neste tipo de festejo, deve desembolsar o mesmo valor pago por Caruaru. “Um artista disputado como Wesley não faz um show neste período por menos do que estamos pagando. A TV-Globo mostrou isso numa reportagem do programa Fantástico”, alegou.

Independente de preço, o fato é que Queiroz, numa época em que os municípios enfrentam a maior quebradeira, num quadro de falência, não poderia se dar ao luxo de contratar um artista tão caro. Por conta disso, o Ministério Público Federal, o Ministério Público de Pernambuco e o Ministério Público de Contas estadual notificaram o prefeito para esclarecer detalhes da contratação. Além de Safadão, valores pagos para outros artistas também foram superiores aos cachês de Campina Grande.

A banda Aviões do Forró receberá R$ 250 em Caruaru e R$ 195 para se apresentar na Paraíba. Já Elba Ramalho cobrou R$ 190 mil em Caruaru e R$ 160 mil em Campina Grande. Embora Queiroz tenha afirmado que nem contrato existe entre Safadão e a Prefeitura de Campina, a assessoria do prefeito paraibano explicou que contratou Wesley Safadão com um ano de antecedência e, por isso mesmo, conseguiu negociar um valor bem menor.

Já banda Aviões do Forró afirmou, através de nota, que "os valores cobrados pelos shows são calculados de acordo com inúmeras variantes que envolvem a logística das produções, o que pode acarretar tais diferenças como as de Caruaru e Campina Grande". Três advogados entraram com uma ação popular e cancelaram a apresentação do cantor em Caruaru. Na decisão, o juiz determinou que a Prefeitura não fizesse nenhum pagamento à produtora do cantor até que o mérito da ação seja julgado.

A prefeitura, entretanto, recorreu da decisão e ganhou, mantendo o show. O mais inusitado disso tudo é que a contratação de Safadão ocorre num momento em que a Prefeitura enfrenta crise financeira, tem gasto com pessoal acima do limite e está em estado de emergência por causa da seca. Além do cachê de Safadão, o prefeito gastará mais R$ 3,5 milhões com a contratação de artistas para o São João.

O custo total da festa está orçado em R$ 13 milhões. José Queiroz poderia ter evitado tamanho desgaste e exposição negativa na mídia se tivesse reconhecido que é um acinte pagar quase R$ 600 mil de cachê a um artista, por mais famoso que seja, num momento em que o País vive a maior crise financeira da sua história, uma crise sem precedentes no campo ético e moral.

TEM GOSTO PARA TUDO– Depois da saia justa de Caruaru e de lotar shows durante uma turnê nos Estados Unidos, em sua primeira turnê internacional antes de se apresentar pelo Nordeste, o tal do Wesley Safadão, que eu pago para não ver um show dele, prepara sua primeira turnê europeia para ficar mais rico ainda cantando suas canções de duvidoso gosto. Um dos maiores cachês do País, sem explicação, diga-se e passagem, levará seus hits que tomaram o Brasil nos últimos anos, como Camarote, Aquele 1%, A Dama e o Vagabundo, para países europeus, em fevereiro de 2017.

Guilherme sai candidato–
 Se depender da cúpula nacional do PSDB, o deputado Guilherme Coelho sai candidato a prefeito de Petrolina, maior colégio eleitoral do Sertão. O sinal verde foi dado pelo presidente Aécio Neves durante encontro em Brasília. Guilherme já havia consultado ex-governadores num almoço no Recife e agora se prepara para fazer o anúncio formal da sua postulação, que não conta com o respaldo do prefeito Júlio Lóssio (PMDB). Há dez dias, Lóssio se definiu pela candidatura do vereador Edinaldo Lima, mas o nome não une o seu grupo, podendo alguns debandar para o palanque de Guilherme.

A sucessão de Cunha - A expectativa sobre a possível cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cuja votação no plenário é estimada para julho, deflagrou a corrida pela presidência da Casa. Há pelo menos dez nomes cotados, a maior parte dentro da própria base aliada do Governo. Nos bastidores, a preocupação principal do Planalto é haver um racha na base aliada por conta da fragmentação de candidaturas. Diversos líderes de partidos governistas foram ao presidente em exercício, Michel Temer, pedir para manter a unidade dentro da base, essencial para conseguir a aprovação de matérias na Câmara.

Seminário- O 11° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo começou, ontem, em São Paulo. Entre as presenças confirmadas estão as do jornalista Caco Barcellos, da TV Globo; Marina Walker Guevara, vice-diretora do ICIJ que coordenou a cobertura dos Panama Papers; Paul Myers, especialista em pesquisa na internet e consultor da BBC baseado na Inglaterra; e Maria Teresa Ronderos, jornalista colombiana à frente do Programa de Jornalismo Independente da Open Society Foundation. A ministra Carmen Lúcia, do STF, participa do painel “Liberdade de Imprensa e Expressão no Judiciário”, entrevistada pela jornalista Miriam Leitão sobre a tensão entre as liberdades de imprensa e expressão e as decisões do Judiciário.

Em cima do muro-
 Pré-candidato do PTB a prefeito de Caruaru, o delegado Erick Lessa resolveu, ontem, entrar na polêmica do exagerado cachê pago ao cantor Wesley Safadão com uma nota oficial bem amena. Dentre outras questões, afirmou: “O assunto é de grande complexidade. Ao mesmo tempo em que deve haver uso racional dos recursos públicos, é extremamente necessária à participação de artistas populares de peso nessa festa que leva o nome da nossa cidade para todo o país e também para o exterior. O modelo do atual São João foi criado com sucesso, porém, hoje, já existe a necessidade de modernização em todas as etapas do processo”.

CURTAS

PEN DRIVES– No quarto onde o empresário Paulo César de Barros Morato, 48 anos, foi encontrado morto na última quarta-feira, em um motel de Olinda, foram recolhidos sete pen drives (dispositivos portáveis para armazenar dados) e três celulares que podem conter provas de transações investigadas pela Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal.

SUICÍDIO? - De acordo com o secretário executivo da Secretaria de Defesa Social, Alexandre Lucena, os indícios da cena do crime levam a crer que não se trata de homicídio. "Primeiro, a pessoa era hipertensa. Já existia histórico, segundo informações da advogada, de que ele teria tentado suicídio. Terceiro, ele estava sendo perseguido pela Polícia Federal, sob forte tensão. Os funcionários do motel não perceberam que ninguém entrou no local. O não tinha sinal externo nem interno de violência e a porta [da suíte] estava fechada pelo lado de dentro. Então, são indícios que levam a crer em suicídio ou morte natural", afirmou.

Perguntar não ofende: Depois de Paulo Bernardo, marido da questionadora senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), quem será o próximo a ser preso?

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