segunda-feira, 2 de maio de 2016

Da coluna de Magno Martins


Postado por Magno Martins
Um caminho sem volta

O processo do impeachment da presidente Dilma entra na sua reta final. Hoje e amanhã, a comissão especial do Senado ouve convidados para defender e acusar, nomes aprovados na semana passada pelas bancadas de Governo e oposição. Na quarta e quinta, será lido e discutido o relatório do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), pela aprovação do impedimento da petista.

Na sexta, 6, a comissão se reúne para aprovar o relatório, cujo placar já está definido: dos 21 senadores que integram a comissão, 16 votarão a favor e apenas cinco contra. Este é o tamanho do núcleo governista, testado, inicialmente, quando foi contestada a escolha do relator. Na votação, Anastasia teve seu nome aprovado por 16 votos e apenas cinco senadores, do PT, PCdoB e PDT, se posicionaram contra.

Por mais que os senadores governistas façam protestos, tentem procrastinar o máximo, o fato é que não há mais a menor condição de o Governo reverter a tendência de aprovação do relatório também no plenário do Senado, semana que vem, dia 11. Hoje, segundo levantamento do jornal Estado de São Paulo, 51 senadores revelaram que votarão pela admissibilidade.

Os aliados do vice-presidente Michel Temer trabalham, entretanto, para que sejam alcançados 54 votos, já no dia 11, placar exigido para afastar, definitivamente, a presidente na etapa final, contados os 180 dias que terá direito para fazer a sua defesa. Regularmente, são os dois terços exigidos pela Constituição.

Temer e o PMDB estão tão seguros de que o impeachment é um caminho sem volta que algumas medidas de impacto já foram estudadas e definidas para anunciar no dia 12, dia em que Dilma se afasta do Planalto. Entre o que ficou acertado, a demissão imediata de todos os ministros e petistas que ocupem cargos no Governo.

A venda de 49% do controle de algumas estatais, como os Correios, a Infraero e a Eletrosul. Também um plano radical para zerar um rombo nas contas do Governo estimado, hoje, em torno de R$ 97 bilhões, além da redução dos atuais ministérios de 32 para 26. Para tocar tudo isso, Temer já definiu o seu czar da economia, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que terá autonomia para escolher o novo presidente do BC. Meirelles contará com o senador José Serra auxiliando-o na política de mercado externo.

CORTES E DÉFICIT – Para eliminar o déficit de R$ 96,6 bilhões em seu eventual Governo, o vice-presidente Michel Temer recebeu um plano elaborado pela Federação das Indústrias de São Paulo, Fiesp. A proposta passa por cortes, cancelamento de reajustes do funcionalismo, venda de parte de empresas estatais e mudanças na Previdência. Inclui corte de 68% nos investimentos no Orçamento de 2016 e corte de 25% nos gastos de custeio, que envolve material de consumo, diárias, passagens e serviços.

CREUZA E NINHO DEPUTADOS -
 Na hipótese dos deputados Raul Jungmann (PPS) e Augusto Coutinho (SD) virarem ministros no Governo Temer, respectivamente de Defesa e Trabalho, como tem sido especulado, assumem suas vagas como quinto e sexto suplentes na bancada federal pernambucana a ex-prefeita de Salgueiro, Creuza Pereira (PSB), e o ex-prefeito de Igarassu, Severino Ninho (PSB). O ex-prefeito de Petrolina, Guilherme Coelho, também tem chances de conquistar um mandato de federal se Mendonça Filho emplacar o Ministério da Educação.

Duas pastas tucanas - No âmbito do PPS, a preferência do núcleo paulista para o Ministério recai no nome do deputado Roberto Freire, mas o espaço não seria a Defesa e sim Cultura. Na seara do PSDB, que já indicou José Serra para Relações Exteriores, o segundo ministro tucano seria o deputado pernambucano Bruno Araújo. Na divisão do bolo sobraria para ele Ciência e Tecnologia ou Direitos Humanos. Aécio Neves não quer indicar ninguém de Minas nem da bancada mineira no Congresso.

Lula citado - Em suas alegações finais ao Conselho de Ética do Senado, o senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) diz que foi “explorado para benefícios de terceiros” e cita o ex-presidente Lula e Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. Delcídio responde a um processo no colegiado por suposta quebra de decoro por ter sido flagrado em uma gravação negociando um plano de fuga para o ex-diretor da estatal, alvo da Operação Lava Jato. No documento, protocolado na sexta-feira passada, a defesa classifica a representação apresentada no conselho contra Delcídio de “fantasiosa”, “confusa” e “estapafúrdia” e pede a anulação do processo alegando não haver provas.

Aval republicano -
 Deputado federal licenciado, o secretário estadual de Transportes, Sebastião Oliveira, votou, ontem, na convenção nacional do PR, em Brasília, na chapa consensual, encabeçada pelo ministro Antônio Carlos Rodrigues (Transportes). E ganhou do novo comando republicano carta branca para fazer as mudanças da executiva estadual na condição de novo presidente do diretório pernambucano. Sebastião também vai avançar nas composições em relação às eleições municipais nos principais colégios eleitorais.

CURTAS

VINGANÇA - O deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) afirmou durante evento da Força Sindical no Dia do Trabalho, em São Paulo, que o anúncio do "pacote de bondades" que a presidente Dilma Rousseff anunciou "parece vingança" e "tentativa de sabotar Temer". "Esse aumento deveria ter sido feito antes", disse Paulinho da Força. "Agora parece um pouco de vingança e uma tentativa de sabotar o próximo governo”, acrescentou.

NÚCLEO DURO - Depois de definir os integrantes da equipe econômica e do grupo palaciano, Michel Temer vai intensificar as negociações com os partidos para definir o primeiro escalão de um eventual governo. Para o núcleo duro, Temer já escolheu os seus fiéis escudeiros, apelidados de "três mosqueteiros": os ex-ministros Eliseu Padilha para a Casa Civil; Geddel Vieira Lima, para a Secretaria de Governo; e Moreira Franco, para uma assessoria especial que cuidará de privatizações, concessões e PPPs.

Perguntar não ofende: Depois de novas denúncias envolvendo Romero Jucá, Temer ainda o escolherá para o Planejamento?

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