quinta-feira, 21 de abril de 2016

Da coluna de Magno Martins

Postado por Magno Martins



Mendonça foi um gigante

Atacado por um grupo de manifestantes do PT quando desembarcou no Recife, terça-feira passada, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho, sentiu na prática como seu desempenho efetivo e competente no processo de discussão e votação do impeachment da presidente Dilma, no plenário da Câmara dos Deputados, contrariou e foi decisivo para a derrocada do Governo.

Mendonça foi brilhante, firme e corajoso. Em nenhum momento titubeou. Com posições claras, discernimento e proposições que ajudaram a acelerar a votação, desde a instalação da comissão especial até à chegada da matéria em plenário, o deputado ganhou a confiança das principais lideranças nacionais, o respeito e o reconhecimento da mídia nacional.

Para jornalistas tarimbados que cobrem o Congresso, o desempenho de Mendonça não surpreendeu, porque ele, como líder do Democrata, se destacou na mais combatível voz de oposição ao Governo. Depois de passar oito anos ausente do Congresso, sendo vice-governador de Jarbas em dois mandatos e governador por nove meses, Mendonça mostrou que sua verdadeira vocação para a vida pública está focada no parlamento.

É um deputado que tem tesão pelo que faz. Presente, estudioso de matérias, atencioso às discussões mais importantes da Casa, competente em levantar questões que embaraçam o Governo, Mendonça não está entre as 100 cabeças mais influentes e privilegiadas do Congresso por acaso.

Até o PT, que combate tanto, tem por ele admiração e estima. Um dos episódios que ainda repercute até hoje foi o enfrentamento de Mendonça a Renan Calheiros, presidente do Congresso, em novembro de 2014. Contrariado com a negativa de um aparte, Mendonça bradou: “Vossa Excelência havia me concedido a palavra. Eu tenho preferência, como líder. Renan subiu o timbre: “Vossa Excelência pode tudo aqui, só não pode ficar aí, da tribuna, gritando.”

Mendonça dobrou o tom: “Posso! Vossa Excelência está envergonhando o Congresso. Vossa Excelência é uma vergonha para essa Casa. É uma vergonha! É uma vergonha para esse Parlamento! Vossa Excelência venha me tirar daqui, da tribuna! Vossa Excelência está pensando que vai mandar em mim da forma…”

Súbito, Renan cortou o microfone de Mendonça, admoestando-o: “Vossa Excelência não pode ficar aí, gritando. Vossa Excelência pode tudo. A democracia que Vossa Excelência quer e reivindica pode permitir isso. Mas a democracia do Brasil não permite, não. Cale-se aí! Cale-se aí!” Renan devolveu a palavra ao governista Cláudio Puty.

Transtornado, Mendonça marchou em direção à poltrona do presidente do Congresso. Interpelou Renan cara a cara. Dedo e língua em riste, abandonou o 'Vossa Excelência'. Bradou, sem formalismos: “Me respeite! Me respeite! Me respeite! Me respeite! Não vai mandar calar!” Em pé, no plenário, a bancada oposicionista solidarizou-se com Mendonça. Os deputados gritavam: “Não vai calar ninguém! Não vai calar ninguém!”

Mendonça, portanto, foi um gigante e é bom de briga.

O GRITO DE COLLOR– Em reunião de líderes, na manhã da última terça-feira no Senado, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PT B-AL) foi enfático ao cobrar que o rito da comissão especial da Casa fosse expresso em apenas um dia, como aconteceu na época em que ele sofreu impeachment, em 1992. A intervenção de Collor causou espanto nos presentes. “A decisão da comissão tem que sair em um dia, como foi comigo”, disse Collor em tom exaltado, chamando a atenção dos senadores presentes.

Candidato dele próprio–
 Por enquanto, a pré-candidatura de Daniel Coelho à Prefeitura do Recife é de mentirinha. Não tem ainda o aval da direção nacional. Por isso, o presidente estadual tucano, Antônio Moraes, e lideranças expressivas do partido, como o prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, e seu filho, o deputado federal Betinho Gomes, além do secretário estadual do Trabalho, Evandro Avelar, não foram ao lançamento da chapa, terça-feira passada, avalizar a aliança com o PSL.

Tucanos exigem fala de Aécio A maioria dos tucanos pernambucanos exige de Daniel Coelho uma declaração formal do presidente do PSDB, Aécio Neves, afirmando que ele tem o apoio da executiva nacional para disputar a Prefeitura do Recife. Procurado por este blogueiro em Brasília, Aécio se recusou a falar sobre Recife, aumentando assim a desconfiança de que não autorizou Daniel a botar o bloco na rua nem tampouco fechar acordo com o PSL, que indicou Sérgio Bivar, filho do empresário Luciano Bivar, para vice.

Senador corta o barato de Daniel– O que este blogueiro apurou ainda em Brasília é que o senador Aloizio Nunes Ferreira, do PSDB paulista e ligado ao senador Aécio Neves, teria ligado para Daniel Coelho e a ele comunicado que não teria o aval da direção nacional tucana para sair candidato, porque o partido havia decidido seguir a maioria do diretório estadual, que optou pela manutenção da aliança com o prefeito Geraldo Júlio, candidato à reeleição. Daniel teria ignorado o senador e, mais do que isso, antecipado a decisão de anunciar a aliança com o PSL para tornar, assim, sua candidatura irreversível.

Sebá fala em eleições gerais– 
Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o secretário estadual de Transportes, Sebastião Oliveira, que se licenciou para participar da sessão de votação do impeachment da presidente Dilma, afirmou que recorreu ao recurso da abstenção por ser defensor de eleições gerais. “Eu mesmo abro mão do meu mandato para que o País construa uma saída para esta gravíssima crise que enfrenta pelo voto e a via democrática”, disse.

CURTAS

DOCUMENTOS– A ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou a um grupo de técnicos do tribunal a realização de perícias, a "juntada" de documentos da Operação Lava Jato e a coleta de mais depoimentos nas ações apresentadas pelo PSDB que pedem a cassação dos mandatos da presidente Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer.

SEM TEMOR– O presidente interino do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse, ontem, que o vice-presidente Michel Temer não teme nenhum tipo de investigação e apoia as investigações da Polícia Federal e da Operação Lava Jato. E afirmou ainda que o partido não fará nenhuma ação para coibir qualquer tipo de informação.

Perguntar não ofende: Depois do adiamento do julgamento de ontem no Supremo, Lula ainda vai insistir em ser nomeado para a Casa Civil?

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