terça-feira, 25 de novembro de 2014

LÍDER DO DEM IRONIZA: "LEVY É ORTODOXO DEMAIS!"

Josias de Souza



Mendonça Filho: 'Houve intervenção do Lula. E Dilma teve que engolir um ortodoxo na Fazenda'

Ao escolher o economista Joaquim Levy para ser o ministro da Fazenda do seu segundo mandato, Dilma rousseff transformou os congressistas do PT em alvos do deboche da oposição. “Tem petista com febre hoje aqui”, alfinetou o líder do DEM, deputado Mendonça Filho, durante a sessão noturna que a Comissão de Orçamento realizou nesta segunda-feira (24).

“A presidente não teve coragem de levar adiante sua política de irresponsabilidade fiscal”, prosseguiu Mendonça. “Ela já havia demitido o Guido Mantega. Agora, traz para o lugar dele um ortodoxo de carteirinha. Acho que o futuro ministro da Fazenda é ortodoxo demais para o meu gosto. Mas o PT vai ter que engolir. Os petistas estão arrepiados porque o ajuste vai ser severo. Tudo que Dilma pregou durante a campanha está sendo desmoralizado pelos fatos.”

Vice-líder do DEM, o deputado Ronaldo Caiado (GO), eleito senador em outubro, também tripudiou. Lembrou que Dilma “fez muitas críticas ao sistema financeiro” durante a campanha eleitoral.” Empenhou-se em “demonizar o Armínio Fraga”, que comandaria a economia se Aécio Neves tivesse prevalecido. “Agora, estão trazendo o Joaquim Levy, do Bradesco, para montar a política econômica que vai resgatar a presidente, para que ela tenha condições de sobreviver.”

Mendonça Filho insinuou que a própria Dilma terá de engolir Levy: “Houve uma interveção do ex-presidente Lula, numa reunião histórica na Ganja do Torto, para enquadrar a presidente Dilma. Lula a fez ver que, ou ela recuava na sua economia populista ou ia terminar o seu governo de forma trágica. E a presidente teve que engolir um ortodoxo na Fazenda.”

Amigo de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central na Era Lula, Caiado fez uma inconfidência. “O governo Lula só cumpriu metas de superávit porque trouxe de Boston o banqueiro Meirelles para assumir o Banco Central. Nas palavras de Caiado, Meirelles “passou a ser o grande professor” do petista Antonio Palocci, um médico que Lula acomodou no comando da Fazenda.

Caiado escorou suas declarações em comentários que diz ter ouvido do próprio Henrique Meirelles. “Ele me dizia: ‘deputado, o Palocci é um médico, mas tem uma capacidade ímpar de absorver os ensinamentos. O Mantega é difícil. Não consigo colocar na cabeça dele o que é a boa prática da política econômica.’

Joaquim Levy integrava a equipe de Palocci. Foi secretário do Tesouro Nacional. Produziu superávits portentosos. “A quem ponto chegamos!”, exclamou Caiado. “Ninguem no mercado acredita em Dilma ou no governo. E não é a presidente recém-reeleita que vai recuperar a credibilidade. É oJoaquim Levy.”

“O PT vai ter que aplaudir o Levy”, declarou Caiado. E Mendonça: “Veja a ironia do destino. Dona Dilma vai ter que ser mais ortoxoda do que o rei, porque sua política econômica está desmoralizada. Ninguém acredita em mais nada, porque tudo o que é compromisso é descumprido. Se a eleição fosse hoje, o resultado seria diferente. Infelizmente, o quadro é de estelionato eleitoral. Um estelionado gritante.”

Embora estivesse apinhada de petistas e aliados, não se ouviu um pio que pudesse ser entendido como contestação às provocações dos ‘demos’ Caiado e Mendonça.

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